Falso raio-X da escola
O falso raio-X da escola pelo Enem
"Entender como a classificação do Enem funciona é fundamental para avaliar qual a real situação das escolas no ranking do MEC", afirma Christina Fabel
Fonte: Estado de Minas (MG) 24 de julho de 2014
O segundo semestre do ano acelera os debates sobre a realização do Exame Nacional do Ensino médio (Enem). Muitos pais ficam de olho nas notícias veiculadas na imprensa e na classificação final das Escolas para avaliar qual o desempenho das instituições de Ensino da cidade e, até mesmo, decidir em qual Escola matricular os filhos. Contudo, o resultado dessa categorização esconde diversos fatores, ainda desconhecidos pela maioria dos pais.
O ranking do Enem é publicado anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) como forma de tornar pública a média de notas recebidas pelos Alunos de cada instituição de Ensino da cidade. A listagem inclui Escolas públicas e particulares e é tida como raio-X do desempenho das Escolas no exame, que hoje é adotado por muitas universidades federais e particulares em substituição ao antigo e tradicional vestibular.
Contudo, o que a comunidade Escolar desconhece é que essa avaliação nem sempre retrata a realidade das instituições de Ensino. Em geral, as Escolas com melhor desempenho possuem um número de Alunos inscritos muito grande, o que faz com que a média final seja sempre alta, independentemente do mau desempenho de uma minoria da turma.
Existem Escolas em que o processo seletivo de admissão de novos Alunos costuma levar em conta o desempenho e o histórico Escolar do estudante. Assim, prima-se por matricular Alunos que tenham alto desempenho Escolar, que naturalmente já terão facilidade com a realização de provas e exames seletivos como o Enem.
Essa forma de seleção de novos Alunos não é a mais fiel aos reais objetivos da Educação. Um bom colégio não é somente aquele que possui mais Alunos ou que tem apenas estudantes de alto rendimento. Uma grande Escola é aquela que prima pela Educação de qualidade e pela disseminação de valores, garantindo a inclusão educacional de toda a comunidade Escolar.
Infelizmente, nem sempre o cuidado da equipe pedagógica é suficiente para que o Aluno aprenda. A geração de conhecimento não é tarefa exclusiva da Escola. Passa também pelo esforço do Aluno e pelo apoio dos pais. Por isso, às vezes, nos deparamos com Alunos matriculados em excelentes instituições de Ensino que não tiveram bom resultado no Enem.
Quando se trata de uma Escola com alto índice de turmas por série no Ensino médio, o baixo desempenho de um Aluno no Enem é compensado pelos outros Alunos, com melhor rendimento. Porém, quando a Escola possui um número menor de Alunos, a média final pode ser prejudicada por um baixo desempenho de um único estudante, por exemplo.
É importante ressaltar que julgar a atuação de alguns Alunos como culpa exclusiva da baixa média das Escolas no Enem é um erro. Esses estudantes devem ser acolhidos pelas Escolas e acompanhados integralmente de forma a garantir que o aprendizado aconteça de fato. Somos a favor da inclusão educacional e, por isso, defendemos que a Escola seja um local de acolhimento e Ensino integral.
Entender como a classificação do Enem funciona é fundamental para avaliar qual a real situação das Escolas no ranking do MEC. Muito mais do que simples números calculados a partir das notas alcançadas e pelo volume de Alunos inscritos por instituição, a listagem também pode ser entendida como um reflexo do posicionamento de mercado das Escolas particulares e da forma com que elas selecionam os Alunos para matrícula.