Pré-escola se destaca, mas creches...
Pré-escola se destaca, mas creches têm segundo pior índice
Anuário da Educação põe Fortaleza e Região Metropolitana no topo e no fim de rankings importantes para o desenvolvimento escolar infantil
Fonte: O Povo (CE) 16 de julho de 2014
Pela estrutura educacional brasileira, apenas um ano de vida separa a criança do fim da creche para o começo da pré-escola. Apesar da proximidade entre os dois estágios de ensino, “creche” e “pré-escola” ocupam extremos diametralmente opostos quando comparados os percentuais de frequências escolares de 2012 em Fortaleza e Região Metropolitana.
Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2014, publicação do movimento “Todos pela Educação”, somente 25% da população da capital cearense com idade entre zero e três anos presente em creches. Enquanto isso, 89,7% dos que tinham quatro e cinco anos cumpriam o currículo da pré-escola naquela época.
Isso coloca Fortaleza e Região Metropolitana na penúltima posição do ranking de crianças em creches das nove maiores localidades brasileiras avaliadas. Já no tocante à pré-escola, a cidade está no topo da lista (ver quadro).
Em relação a 1995, primeiro ano de avaliação do Anuário, Fortaleza piorou sete posições no ranking de creches até 2012. Contudo, conseguiu manter-se como a melhor das nove regiões analisadas no que se refere à pré-escola tanto em 1995 quanto em 2012.
Ceará
No ranking estadual, o Ceará aparece em nono lugar na frequência de creches em 2012 (era sexto em 1995) e em primeiro lugar na porcentagem de crianças na pré-escola (era o oitavo 18 anos atrás).
Gerente da Célula de Apoio à Gestão da Educação Infantil da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME), Simone Calandrine atribui o mau desempenho da capital cearense no quesito creche ao atendimento do setor entre 2008 e 2012 ter ficado, segundo ela, praticamente estagnado.
É de Fortaleza a maior rede de ensino do Ceará. E a quarta maior do País entre as capitais. “As matrículas não passavam de 10 mil (entre 2008 e 2012). Em 2010, chegou a apresentar diminuição. A partir de 2013 (início da gestão do prefeito Roberto Cláudio (Pros)), quando chegamos, vimos a gravidade da situação e fomos trabalhar para ampliar”, diz.
Essas ações, Calandrine explica, serão implementadas até 2016. “Uma delas é a construção de 124 Centros de Educação Infantil até o fim da gestão. Paralelo a isso, porque a gente sabe que construção não é da noite pro dia, a SME solicitou a cessão de imóveis ao Estado pra colocar creches. Fizemos um mapeamento e pedimos 20 prédios. Desses, 13 estão em pleno funcionamento. Sete estão em reforma para iniciarem esse semestre. Também firmamos convênios com associações comunitárias e reduzimos a carga horária do Infantil III para a geração de novas vagas”, lista.
Com isso, a gerente da SME projeta para 2016 um índice com o dobro do de 2012 quanto às creches. Para a pré-escola, a meta é não ter nenhuma criança sem estudar. “Nossas ações já estão dando resultado”, assegura ela.
Saiba mais
O “Todos pela Educação” existe desde 2006. É um movimento que se define como tendo a missão de “contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o país assegure a todas as crianças e jovens o direito à Educação Básica de qualidade.”
O movimento apresenta-se como “apartidário e plural”, com representantes de diferentes setores.
Multimídia
Acesse o Anuário da Educação em:www.todospelaeducacao.org.br
EVASÃO ESCOLAR
Aos 19 anos, 47,8% desistem do ensino médio
O anuário também avaliou índices referentes ao ensino médio. E constatou que o Ceará é o estado nordestino com o melhor índice de jovens com 19 anos que concluíam os estudos em 2012 (52,2%). Nacionalmente, é o oitavo melhor desempenho. Em Fortaleza, a proporção é de 50,6%.
Apesar de ser o menor do Nordeste, o percentual de 47,8% dos jovens de 19 anos que abandonaram o ensino médio em 2012 é preocupante. Para o professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e consultor da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Daniel Lavor, o fato de muitos não terminarem sequer o ensino fundamental influencia o número do ensino médio.
Mas outros fatores podem ser apontados. O desinteressante currículo escolar do triênio, por exemplo. É nacional o debate em torno de mudanças emergenciais nos conteúdos, formação dos professores e métodos de transmissão de conhecimento para reduzir a evasão escolar no ensino médio.
“No mundo todo, a principal causa (da evasão) não é questão de trabalho. É a falta de interesse. E isso é uma coisa que não dá pra mudar da noite pro dia. Mas, para nós, uma estratégia importante que tem dado resultado é o fortalecimento do ensino profissionalizante (tempo integral, com cursos voltados para o mercado de trabalho). O aluno percebe uma relação com o mundo real muito mais forte do que no currículo tradicional. Mas o mais urgente é diminuir a evasão no ensino fundamental”, cita Lavor.