Menos da metade trabalha só em 1 escola
40% dos professores brasileiros trabalham em jornada integral
Pesquisa internacional da OCDE avaliou a situação docente de 34 países
Do Todos Pela Educação* 25 de junho de 2014
Cerca de 40% dos professores brasileiros que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental trabalham em jornada integral. A média internacional é mais que o dobro: 82%.
Os professores do Brasil também estão entre os que mais trabalham no mundo: passam 25 horas por semana em sala de aula, 6 a mais do que a média internacional. Além disso, figuram entre os docentes que mais dispendem tempo de aula para lidar com a indisciplina dos alunos: 20%, enquanto a média é 13%.
Os dados são da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey, de sigla Talis), divulgada no dia 25, em Paris, França. O estudo levou em conta respostas de 106 mil professores de 34 países (leia mais abaixo). A amostra brasileira foi composta por 14.291 professores e 1.057 diretores de 1.070 unidades de ensino. No Brasil, a pesquisa é coordenada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A ideia do levantamento é coletar dados e informações sobre condições gerais de trabalho de docentes e gestores de escola para comparação entre países. A Talis fornece uma análise que permite aos governos identificar, entre as outras nações, aquelas que enfrentam os mesmos desafios educacionais.
A Talis aponta também que 86,9 dos docentes brasileiros afirmam estar satisfeitos com o trabalho, enquanto 13,5% se dizem arrependidos de ter seguido essa carreira.
Formação
No País, cerca de 94% dos professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental têm Educação Superior e cerca de 95% creem que, com o trabalho desenvolvido na escola, ajudam os estudantes a desenvolver pensamento crítico.
Perfil
Os dados mostram que o docente típico no Brasil é mulher: 71%, taxa um pouco superior à média dos outros países pesquisados: 68%. Em cargos de direção escolar, as mulheres brasileiras também são maioria absoluta: 75%, enquanto a média internacional é de 49%.
Em média, o professorado brasileiro tem 39 anos de idade e 14 de experiência no magistério. Nas outras nações que participaram da Talis, os docentes têm média de 43 anos e 16 de experiência.
Pesquisa
Contando as duas edições da pesquisa, participaram: Austrália, Áustria, Bélgica (Flanders), Brasil, Bulgária, Canadá (Alberta), Chile, Chipre, Cingapura, Coreia do Sul, Croácia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Malásia, Malta, México, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido (Inglaterra), República Checa, Romênia, Sérvia, Suécia e Turquia.
O Brasil participou das duas edições. De acordo com o Inep, o relatório do estudo que trata especificamente do Brasil e inclui informações detalhadas das unidades da federação será apresentado em um evento no instituto, em novembro.
Na edição 2013, dentre os 34 países, 24 fazem parte da OCDE e 10 são “parceiros”, como o Brasil. Os resultados da Talis são publicados em um relatório internacional e também geral um banco de dados interativo e relatórios temáticos com notas individuais dos países.
A OCDE também é responsável pela elaboração e aplicação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado de três em três anos.
Para ler a pesquisa Talis na íntegra, clique aqui.