Texto e fotos: Ana Costa / Jornalismo B

Na manhã desta quarta-feira (25), o CPERS/Sindicato promoveu o ato “Na Copa Vai ter Luta”, em Porto Alegre. Cerca de 200 educadores da rede estadual se concentraram em frente ao CPERS, na avenida Alberto Bins, por volta das 10h, e realizaram uma caminhada até à Praça dos Açorianos, passando pela avenida Borges de Medeiros – o “Caminho do Gol”, nestes dias de Copa do Mundo. Na caminhada, um cântico ditou o ritmo: “no Beira-Rio, enquanto a bola rola, não tem Saúde, não tem transporte, não tem escola”.

Os educadores cobram do governo do estado a realização de concursos para funcionários, o pagamento do piso nacional para professores e 10% do PIB para a Educação, e denunciam a falta de investimento na Educação e as condições precárias de várias escolas. Para os educadores mobilizados na manhã desta quarta, o “governador Tarso põe a Educação no banco de reservas”, como se podia ler na faixa principal.

Contestação, Coletivo Plural, ANEL, Intersindical, CSP – Conlutas, ANDES, Unidos Para Lutar, PSOL e PSTU, entidades presentes no ato, afirmam que o governo investe pesadamente na Copa enquanto tem uma dívida com os trabalhadores. Rejane Oliveira, atual presidente do CPERS, disse que foram investidos “9 milhões só para recolher os entulhos no Beira-Rio, e o governo diz que não tem dinheiro para pagar o piso”.

Passando pelo viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros, era possível ver uma bandeira gigante de Cuba. Foi uma iniciativa da Associação José Marti, que promovia a campanha pela libertação dos cinco antiterroristas cubanos presos desde 1998 nos Estados Unidos, acusados pelo governo estadunidense de serem espiões. A Associação distribuía panfletos na avenida, ao mesmo tempo em que a caminhada do CPERS seguia até à Praça dos Açorianos.

A caminhada contrastava com a mancha azul e branca e a euforia dos argentinos, e alguns nigerianos em número muito mais reduzido, que seguiam no “Caminho do Gol” em direção ao estádio Beira-Rio. O ato do CPERS foi convocado com o objetivo de dialogar com os visitantes da cidade e a população em geral. Algumas falas do sindicato e de outras entidades presentes foram feitas em espanhol e, em vários momentos, era possível ouvir cantos de “Argentina, escucha, tu lucha es nuestra lucha”.

No trajeto, os manifestantes receberam o apoio de torcedores que seguiam em direção ao estádio, onde às 13h começaria a partida Argentina x Nigéria, e que paravam para tirar fotografias e filmar. “Isso é mais importante que futebol”, disse um torcedor argentino que passava pelo ato. Mas também se ouviram vaias, vindas sobretudo de brasileiros que, posicionados nas calçadas, assistiam a passagem da multidão argentina pelo “Caminho do Gol” e se mostraram incomodados com o protesto naquele local.

Durante a caminhada, o Movimento de Mulheres em Luta do CSP – Conlutas distribuía o panfleto “Cartão Vermelho para o Turismo Sexual”, alertando para o crescimento do turismo sexual no Brasil com a realização da Copa do Mundo. O ato encerrou por voltas das 12h, na Praça dos Açorianos.

“Dissemos que na Copa ia ter luta”

O ato foi convocado pela atual direção do CPERS/Sindicato, que perdeu as últimas eleições, realizadas no início do mês, para a Chapa 2. Em agosto, a direção do CPERS mudará. Integrantes da “Construção Pela Base” (Chapa 4) presentes no ato distribuíam um panfleto onde defendem que o “governismo declarado” venceu as eleições e a atual direção “facilitou a vitória do governo”.

Apesar do resultado das eleições, a atual direção (dividida entre as chapas 1 e 3) – formada por CUT Pode Mais (PT), Articulação De Esquerda (PT), PSTU, PSOL, PSB e CS – manteve a convocação para o ato desta quarta-feira. “Dissemos que na Copa ia ter luta”, afirmou a presidente Rejane Oliveira, que ainda acrescentou que esta foi “a primeira manifestação da classe trabalhadora no ‘Caminho do Gol’”.

Veja abaixo mais fotos do ato:

http://jornalismob.com/2014/06/25/ato-do-cpers-em-porto-alegre-dialoga-com-turistas-argentinos-e-cobra-governador/