Dados de saúde e educação distorcidos

Dados de saúde e educação distorcidos

Dilma distorce dados de saúde e educação para justificar gastos com a Copa

Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Esquecendo-se das falhas na preparação do país para a Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff adotou como tema de seus discursos a celebração do Mundial no Brasil – e utiliza o torneio para atacar os adversários, classificando aqueles que criticam a desorganização do governo como “pessimistas”. Dilma, porém, faz muito mais do que ignorar as obras que não ficaram prontas a tempo. Ignora também a matemática. Ao afirmar que os investimentos em educação e saúde superam em 212 vezes os gastos para construção de estádios, a presidente distorce dados para usar os números a seu favor, como demonstram levantamentos da ONG Contas Abertas.

Nesta segunda-feira, em seu programa semanal Café com a Presidenta, Dilma repetiu o pronunciamento em rede nacional que foi ao ar na terça-feira da semana passada. E voltou a apresentar números que não dizem respeito à realidade. Isso porque o que a presidente chama de “investimento” nada mais é do que o valor corrente dos gastos com os setores de saúde e educação – o que inclui pagamento de pessoas, além de despesas com água, luz e vigilância. Investimentos são, contudo, os dispêndios com obras e compra de equipamentos, ou seja, aqueles que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. É nessa modalidade de despesa que se encaixam os gastos com os estádios. Ao contabilizar a despesa global, Dilma afirma que o país investiu, entre 2010 e 2013, 1,7 trilhão de reais e saúde e educação – muito mais do que os 8 bilhões de reais destinados aos estádios. 

De acordo com pesquisa realizada pelo Contas Abertas, com dados do Ministério do Planejamento, de 2010 a 2014, 719,6 bilhões de reais foram gastos nos ministérios da Saúde e Educação, considerados os valores correntes de cada ano. Os investimentos representam apenas 47,5 bilhões de reais desse montante. Ainda segundo levantamento da ONG, os 8 bilhões de reais gastos com a construção dos estádios para a Copa do Mundo equivalem ao dobro do investido pelo governo federal em saúde em 2013, 3,9 bilhões de reais, e ficam acima dos 7,6 bilhões de reais gastos com educação. Assim como o "legado da Copa", tão propalado pela presidente-candidata, os números oficiais são decepcionantes.

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