Eleição para o Cpers tem 4 chapas
Eleição para o Cpers tem quatro candidatas
Pleito, marcado para os dias 10 e 11 de junho, definirá quem irá liderar o magistério gaúcho no proximo triênio
Isabella Sander e Juliano Tatsch
O Cpers/Sindicato pode ganhar uma nova cara após as próximas eleições, marcadas para os dias 10 e 11 de junho. Os educadores terão que escolher entre quatro chapas, que concorrem à direção do maior sindicato do Estado, com 81 mil filiados. A homologação dos interessados na candidatura foi finalizada na segunda-feira. Rejane de Oliveira, Neida Porfílio de Oliveira, Helenir Oliveira e Katiana Pinto são candidatas, respectivamente, a presidente pelas chapas 1 - Sou Mais Cpers, 2 - Cpers Unido e Forte, 3 - Romper as Amarras para Mobilizar o Cpers, e 4 - Construção Pela Base. Os integrantes das chapas farão parte da direção estadual e da coordenação dos 42 núcleos regionais.
As eleições ganham em importância em razão de, quatro meses depois, ser a vez de os gaúchos escolherem quem irá governar o Estado pelos próximos quatro anos. Nos últimos três, Cpers e governo do Estado travaram um ríspido embate. O resultado das duas eleições irá dar o tom do que está por vir no próximo triênio.
Chapa 1, da atual presidente, pretende reforçar o sindicato
Rejane de Oliveira é professora da rede pública estadual desde 1982. De lá para cá, o caminho das lutas em prol da categoria foi trilhado a passos largos e levou a educadora a presidir o sindicato da categoria no Rio Grande do Sul. A atual presidente do Cpers quer permanecer por mais três anos no cargo e aponta a manutenção da autonomia e a independência como maiores características do sindicato. E ressalta outras bandeiras da campanha para a reeleição. “Direitos conquistados não se negociam, esse é um ponto importante. Outra ação que achamos importante é abrir espaços em áreas de interesse dos trabalhadores, como meio ambiente e temas culturais. Que isso faça com que a categoria participe mais ativamente do cotidiano do sindicato”, destaca. A sindicalista salienta que funcionários e servidores aposentados receberão uma atenção especial.
A atual presidente afirma que há uma polarização nas eleições do sindicato, com o governo do Estado agindo nos bastidores. “Ele quer que o Cpers não tenha voz e não denuncie os ataques que vêm fazendo aos direitos dos trabalhadores”, diz.
A candidata credita a baixa participação dos professores nas últimas greves às decepções que tiveram com o governo atual. Segundo ela, o Palácio Piratini dividiu a categoria e enfraqueceu a luta a partir de um setor que faz oposição à sua gestão.
A líder da chapa 1, de nome Sou Mais Cpers, enfatiza a combatividade da gestão como uma marca que irá seguir. “Foi uma direção que teve a coragem de enfrentar governos, com o compromisso de o Cpers ficar nas mãos dos trabalhadores”, conclui.
Chapa 2 propõe mais preocupação com questões pedagógicas
A chapa Cpers Unido e Forte é a de número dois na lista de opções que os professores terão para votar durante a eleição para a direção estadual do sindicato e das coordenações regionais.
Segundo a candidata a presidente, Helenir Oliveira, há três principais bandeiras. “Colocamos nosso nome à disposição porque estamos preocupados que o sindicato volte a falar sobre a questão pedagógica, que é prioritária, porque é o nosso foco diário. Além disso, queremos abordar o piso salarial, que é fundamental, para que os professores possam desenvolver suas atividades com tranquilidade, e incentivar o respeito da pluralidade de posicionamentos políticos dentro da categoria”, explica.
A gestão atual, na opinião de Helenir, é muito partidária, o que não representa a heterogeneidade da base dos trabalhadores. “Então, devemos retomar os assuntos sindicais, que nos darão força para avançar e conquistar. A nossa chapa, assim como achamos que todas deveriam ser, não tem um partido político específico, porque a educação não pode ter partido, ela deve ser uma responsabilidade e um compromisso de toda a sociedade”, afirma. Para a candidata, a direção atual teria se desvinculado da categoria, estando desacreditada.
Helenir é professora há 32 anos. Filha de mãe professora e pai carpinteiro, ela projeta um sindicato com os ouvidos atentos ao que a categoria tem a dizer. “Precisamos voltar a ouvir a categoria. É preciso que os professores e funcionários se reconheçam na direção da entidade e se apossem dela”, enfatiza.
Luta por estrutura menos conservadora é característica da chapa 3
O objetivo central da chapa 3, de nome Romper as Amarras para Mobilizar o Cpers, é desvincular a entidade de estruturas como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), como é atualmente, dar fim do presidencialismo como forma de comando no Cpers, assim como ao continuismo de grupos e o aparelhamento partidário. “Essa estrutura atual do sindicato é conservadora. Construímos essa proposta nova partindo de uma avaliação de que a categoria precisa retomar suas lutas históricas e, para que as retome e tenha a força que tinha no passado, precisamos desbloquear o sindicato. Não é possível, por exemplo, que ele seja filiado ao governo, como acontece com a CUT”, destaca a candidata a presidente Neida Porfílio de Oliveira.
Quanto ao presidencialismo como forma de comando do sindicato, para Neida, esse formato gera desconfiança na base. “A categoria tem avaliado que o Cpers tem sido um trampolim político. Achamos que a direção tem que ser colegiada, porque a figura do presidente não é boa, se distancia da categoria. Propomos uma reformulação estatutária. Assim, o educador poderá voltar a acreditar na sua própria força de mobilização”, garante a professora.
A entidade, conforme a candidata de oposição, deve ter mais preocupação com os trabalhadores, a partir da valorização dos núcleos regionais. “Estamos inscritos para representar 30 núcleos, para poder ter esse debate mais amplo com a categoria. Nas eleições do Cpers, a política partidária não pode ser o foco. A base precisa estar nas chapas, para criar seu próprio programa”, esclarece Neida.
Grupo de oposição de esquerda à situação forma chapa 4
A chapa Construção pela Base – Oposição à Direção do Cpers é constituída por professores desvinculados de siglas partidárias. “Todos nós somos de coletivos ou de movimentos independentes, formando uma oposição de esquerda. Queremos a desburocratização do sindicato, que é usado como instrumento dos partidos para fazer disputa nas eleições burguesas. Distanciado da base, acaba não fazendo a formação da categoria. Combatemos isso”, ressalta a candidata a presidente Katiana Pinto, professora da escola Cônego Paulo de Nadal, em Porto Alegre.
A proposta do grupo oposicionista é de construção de um debate permanente com os trabalhadores, criando um sindicato dinâmico. “Hoje, a entidade usa a base como massa de manobra. Nas reuniões, não discutimos questões do dia a dia dos professores, por exemplo. Também queremos a transparência nas finanças do Cpers, para que a categoria decida onde o dinheiro será utilizado”, propõe Katiana.
Outra reivindicação é pela expulsão de filiados ao sindicato que possuem cargos de confiança (CC) no governo do Estado. “Quando a pessoa opta por ser CC, está tomando o lado do governo. O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, integra o sindicato, por exemplo”, diz a candidata. A falta de confiança na direção, para ela, virou um empecilho nas mobilizações. “Como uma categoria vai atender a um chamado a algo que não confia? Nós mesmos apoiamos a não participação nas mobilizações ocorridas em março por isso”, defende.
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=161025