Iguais só no sobrenome

Iguais só no sobrenome

Com ideologias distintas, três mulheres disputam eleição do Cpers

Eleição está marcada para os dias 10 e 11 de junho

Com ideologias distintas, três mulheres disputam eleição do Cpers Félix Zucco/Agencia RBS

Na semana passada, o Cpers repetiu método usado há décadas, o protesto na frente do Piratini Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

Duas certezas estão presentes na eleição do Cpers: o maior sindicato do Estado será comandado por uma mulher e o seu sobrenome será Oliveira. Com potencial para se tornar uma das disputas mais ferrenhas dos últimos anos, o pleito reunirá como candidatas Rejane de Oliveira, Neida de Oliveira e Helenir Oliveira. Apesar da coincidência de sobrenome, as três representam setores diferentes da esquerda sindical.

O debate já é acalorado porque o prazo para a inscrição das chapas que disputarão a direção estadual e a coordenação dos 42 núcleos regionais se encerra no próximo dia 5. A eleição está marcada para os dias 10 e 11 de junho. Na pauta da campanha, estão temas como o plano de carreira da categoria, o piso nacional do magistério, a radicalização da atuação sindical, a relação com os governos do PT e o vínculo do Cpers com a CUT.

Presidente da entidade nos últimos seis anos, integrante da corrente A CUT Pode Mais (ala rebelde da entidade) e candidata a um terceiro mandato, Rejane acredita que o caráter "combativo" da sua gestão impediu a mudança do plano de carreira. Além disso, ataca a chapa de Helenir:

— O que está colocado é se o governo Tarso vai sair vitorioso ao eleger uma chapa-branca ou se a categoria vai sair vitoriosa mantendo a independência.

Helenir rebate:

— Tenho 32 anos de Cpers e história no sindicato, jamais me prestaria a ser chapa-branca. Teremos, sim, disputas com o governo, porque queremos avançar. A atual direção se isolou, não consegue mais dialogar com ninguém.

Neida e seu grupo elaboraram uma lista de propostas, incluindo a desfiliação do Cpers da CUT e o fim do regime presidencialista no sindicato, com a adoção de uma direção colegiada.

— Não acreditamos em salvadores da pátria. Existe uma desconfiança muito grande em relação a pessoas que acabam assumindo uma importância maior do que o próprio sindicato. Isso é mais como projeção pessoal — diz Neida, em críticas à atuação de Rejane, atual presidente.

Nas críticas a Neida, Rejane e Helenir usam o mesmo discurso: dizem que ela se lança agora como oposição, mas que seu grupo integrou a direção do Cpers nos últimos seis anos.


O que está em jogo:

— O Cpers é o maior sindicato do Rio Grande do Sul (no país, é o segundo). Conta com 85 mil filiados. É um sindicato que costuma exercer forte pressão sobre o Palácio Piratini, com ampla arrecadação de taxa sindical.

— Historicamente, a entidade tem o poder de projetar os seus dirigentes como figuras públicas relevantes. Hermes Zaneti e Maria Augusta Feldman, por exemplo, se elegeram deputados depois de passar pelo comando do sindicato.

 — A eleição está marcada para os dias 10 e 11 de junho. Terão direito a voto os 85 mil filiados. Haverá segundo turno caso nenhuma das chapas atinja 35% dos votos. A inscrição de candidaturas está aberta até 5 de maio.

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