Professores não usam tablet
Professores não usam tablet do governo por falta de internet
Governo distribuiu dispositivos para docentes do ensino médio e promete estender programa ao fundamental
Recentemente, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com as empresas Amazon e Saraiva.com, anunciou investimento de R$ 19,1 milhões para ofertar 232 livros didáticos aos professores de ensino médio público. É através da tecnologia da Amazon Whispercast, presentes nos tablets, que o acesso ao material é permitido. Segundo o FNDE, o serviço de acesso está disponível desde 2013, bastando apenas ao profissional realizar o desbloqueio e iniciar o aplicativo.
O problema é que, apesar de o órgão afirmar que já foram encaminhados para todas as secretarias estaduais os 461 mil tablets destinados a professores do ensino médio, falhas de infraestrutura comprometem o uso dos dispositivos móveis depois de mais de dois anos de anunciado o programa. Ainda em curso, a ação segue alvo de reclamações de professores. Existem escolas sem acesso à internet em sala de aula – o que impossibilitaria o uso pleno dos aparelhos. Ainda para 2014, o Ministério da Educação (MEC) prometeu começar nova distribuição de tablets, desta vez para
O MEC informou que os 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal foram contemplados com os dispositivos para atender os professores de ensino médio das redes públicas estaduais. O Terra entrou em contato com professores de três Estados diferentes para investigar como está o atual uso e recepção da tecnologia.
Se há cerca de dez meses um professor da rede pública estadual do Rio Grande do Sul teve dificuldades para utilizar seu tablet em sala de aula, a realidade atual de pelo menos duas escolas na capital gaúcha segue parecida. Professores de Porto Alegre relatam a mesma incapacidade de conexão e uso diante dos alunos – justamente o local em que o aparelho mais deveria operar.
No Estado, cerca de 16 mil aparelhos foram distribuídos, no último ano, a todos os professores nomeados do ensino médio, ou seja, aqueles que trabalham diretamente em sala de aula. De acordo com a Secretaria de Educação, os docentes contratados também irão recebê-los a partir deste ano.
“Meu tablet fica em casa. Para planejar a aula pelos programas do MEC e para pesquisa, realmente ele é muito bom. Mas quase não uso o aparelho”, revela Merânia Tavares, professora de Língua Portuguesa e Literatura do Colégio Cristóvão Colombo, no bairro Sarandi. Ela justifica sua decisão pela impossibilidade de uso em sala de aula por conta da ausência de equipamentos multimídias e de sinal de internet. No colégio onde leciona, o wi-fi fica restrito à parte administrativa.
Na Escola Estadual Professor Elmano Lauffer Leal, a velocidade de 1 megabyte de internet disponibilizada pelo Estado foi complementada com dinheiro do círculo de pais e mestres da instituição, que contratou um serviço de 10 megabytes. Contudo, o vice-diretor e docente de Educação Física, Maurício de Oliveira Ricardo, considera que ainda não é suficiente para o uso simultâneo de computadores no setor administrativo e dos tablets nas salas de aula. “Para ser sincero, não tenho visto nenhum professor da escola usando os aparelhos”, afirma.
Ele critica a iniciativa. “Estão nos empurrando equipamentos tecnológicos sem a escola ter estrutura para usá-los com fins pedagógicos. Não se tem muita contribuição na qualidade das aulas”. A situação é agravada, conforme suas palavras, pelo fato de que os professores também não possuem modem 3G e, muitas vezes, conexão à rede em casa para baixar aplicativos e prepararem seus materiais de ensino. Por outro lado, Maurício e Merânia avaliam positivamente a capacitação dos docentes para o uso dos tablets, realizada pela Secretaria de Educação. O curso mostrou informações técnicas e funcionalidades dos programas pedagógicos de maneira sucinta, diz Maurício.
Coordenadora manda professores a "barzinho" com wi-fi
Maria Lúcia Pinto, coordenadora do projeto Província de São Pedro, responsável pela distribuição dos tablets nas escolas gaúchas, pondera que a maioria dos softwares de uso pedagógico funciona off-line, após ser instalada. O download poderia ser feito, assim, na escola ou em casa. Questionada pela reportagem sobre os casos de professores que não têm acesso à internet em sua residência, Maria Lúcia, em tom de brincadeira, diz: “Aí ele vai num barzinho... em algum espaço público que disponibilize wi-fi”, e cita, como exemplo, a Praça Internacional de Santana do Livramento, onde o sinal de internet sem fio é liberado à população mediante cadastro em quiosques do local.
Em nota, a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul informou que está em andamento projeto que pretende disponibilizar, por meio da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs), “toda a logística necessária para uma rede de internet de qualidade às escolas” que possuem acesso à fibra ótica. Afirmou ainda que “está num grande esforço” para estender o acesso nas escolas citadas, que possuem internet nos setores administrativos. Ressaltou, por fim, que há 2.570 escolas na rede estadual.
SP: professora de Educação Artística reclama da exclusão da disciplina do programa
A ausência de sinal de internet em sala de aula se repete na Escola Estadual Maria da Glória Costa e Silva, no bairro São Lucas, zona leste da capital paulista, conforme revelam professores da instituição. Mas as queixas não param por aí.
http://noticias.terra.com.br/educacao/professores-nao-usam-tablet-do-governo-por-falta-de-internet,d7fdffa484865410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html