Ensino integral nas escolas privadas

Ensino integral nas escolas privadas

Ensino integral nas escolas privadas cresce menos que na rede pública

  • Foram 46,5% matrículas a mais em 2013; na rede privada, alta de 12,5%


Alunos de projeto musical em Ciep da Maré, no Rio: tempo integral
Foto: Laura Marques

Alunos de projeto musical em Ciep da Maré, no Rio: tempo integral Laura Marques

RIO — Celebrada pelo Ministério da Educação como um dos grandes destaques do Censo Escolar da Educação Básica de 2013, a expansão do ensino integral no país foi maior na rede pública do que na privada. Enquanto o número de matrículas desse tipo aumentou em 46,5% nas escolas administradas por diferentes esferas governamentais, o crescimento nas particulares foi de 12,5% em um ano. Levando-se em conta ambas as redes, a alta foi de 45,2%.

Segundo o Censo, em 2013, o número de matrículas em tempo integral no ensino fundamental era de 3.171.638. Unidades públicas somavam 3.079.030 delas. Já as particulares totalizavam 92.608.

Representantes de associações escolares afirmam que o avanço modesto na rede privada tem a ver com o custo maior que representa manter o filho mais tempo no colégio. De acordo com a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pácios, a mensalidade pode ser até 80% no caso do período integral.

— São realidades diferentes. A rede pública tem aumentado o tempo de permanência dos alunos até pelo risco que as crianças correm quando estão fora das escolas. Já a particular trabalha em função da demanda das comunidades onde estão. Hoje, muitas famílias não optam pelo ensino integral por uma questão de orçamento doméstico — observa.

Para Amábile, a próxima década será de mudança nesse cenário:

— A tendência é que isso mude, já que, com a Lei das Domésticas, o custo de manter alguém em casa cuidando das crianças também cresceu.

No Rio, apesar de o crescimento das matrículas no ensino integral entre 2012 e 2013 (20,7%) ter sido menor que a média brasileira, o quadro se repete: foram de 233.358 para 282.880 (aumento de 21,2%) nas escolas públicas e de 7.323 para 7.739 nas particulares (+ 5,7%).

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe Rio), Edgar Flexa Ribeiro, confirma que há impacto financeiro na expansão da jornada das escolas privadas. Para ele, no entanto, o avanço quase quatro vezes mais acelerado na rede pública ocorre porque a particular já oferece turmas integrais há mais tempo.

— As famílias que têm filhos em escolas particulares já recorrem ao ensino integral há muitos anos. De qualquer forma, acho que o aumento (nacional) de 12,5% não é desprezível — avalia Flexa Ribeiro.

Secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin prevê que a expansão do tempo integral nas públicas acabará pressionando as unidades privadas.

— Acho que as escolas particulares vão acabar sendo atropeladas pelas públicas. Como boa parte do dinheiro delas vem da matrícula, na hora de implantar o turno único, elas vão ter de gastar dinheiro e cobrar mais — afirma. — A gente sente que tem aumentado a migração de alunos de classe média para escolas municipais de tempo integral.

Segundo a Secretaria municipal de Educação, 171 unidades escolares como Ginásios Experimentais Cariocas, Ginásios Experimentais Olímpicos e Turno Único receberam 1.501 crianças da rede particular este ano. Hoje, 19,5% dos alunos da rede municipal passam de sete a oito horas em aulas. O objetivo é que esta parcela aumente para 35% dos alunos, até o fim de 2016.

Ana Cristina Leite, mãe do aluno do 3º ano da Escola Sesc de Ensino Médio Pedro Leite, defende que jovens aprendem mais ficando mais tempo na escola. A unidade funciona em horário integral e é gratuita.

— As horas a mais na escola permitem que o estudante vá além da grade curricular. Meu filho tem aulas de basquete e música, além de atividades de campo relacionadas ao que aprende em aula. O aluno fica em contato com o ambiente escolar o tempo todo — opina.


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