Equação no ensino

Equação no ensino

Temporário, mas nem tanto

Levantamento de ZH revela que 96% das escolas estaduais pesquisadas têm professores com contratos provisórios de trabalho

Os professores com contratos temporários na rede estadual estão longe de serem exceção nas escolas gaúchas. Um levantamento de Zero Hora mostra que eles estão presentes em 96% dos 54 estabelecimentos de ensino que participaram da pesquisa. Com objetivo original de atender a uma necessidade provisória, acabaram sendo usados para manter docentes durante anos na mesma vaga e hoje chegam à casa dos 20 mil.

Educadores como Lucas Thadeu Santos Falcão, 32 anos, veem o ano mudar e o emprego, que era para ser temporário, permanecer estável. Isso seria positivo se o professor de matemática e outros quatro colegas que trabalham na Escola Estadual de Ensino Médio Professor Alcides Cunha, na zona leste de Porto Alegre, não tivessem passado no concurso do magistério do ano passado. Eles fazem parte dos 40% de aprovados que já têm algum tipo de vínculo com o Estado, por contrato ou nomeação de 20 horas, que poderiam ser efetivados na vaga que já ocupam.

– Este ano eu não acredito que seja chamado – comenta Falcão.

Realizado em maio do ano passado, o concurso teve 13.108 professores aprovados, dos quais 885 já foram chamados. Em 15 de abril, pelo menos mais 900 devem ser nomeados e, até o final do ano, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, promete a nomeação de 5 mil aprovados.

Mesmo assim, Falcão, que há dois anos trabalha com contrato temporário no Estado, já buscou outras alternativas. Aprovado em concurso do município, diminuiu a carga horária na rede estadual em busca da estabilidade.

– No Estado não se tem segurança. A qualquer momento você pode ser retirado da vaga. A situação é muito vulnerável – explica.

Sem diferença no salário inicial dos professores efetivados, os contratos temporários se tornam mais baratos para o Estado ao longo do tempo, pois não incluem o plano de carreira. Na escola Professor Alcides Cunha, onde Falcão cumpre 22 horas em sala de aula, a maioria dos professores não é efetivada. Todos os docentes têm convocação para aumentar a carga horária e, mesmo assim, a diretora Maguinória Beux ainda amarga a falta de professor de inglês desde o ano passado.

leticia.costa@zerohora.com.br

LETÍCIA COSTA




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