Quadro Negro

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Brasil tem nota baixa em ranking de ensino

Teste com 85 mil estudantes de 15 anos, em 44 países, coloca estudantes brasileiros entre os piores na capacidade de solucionar problemas ligados a questões cotidianas. Segundo especialistas, causa do mau desempenho está na abordagem dos conteúdos

Diante de questões como escolher o trajeto mais curto em uma linha de metrô ou regular um aparelho eletrônico seguindo certas instruções, os brasileiros tiveram um dos piores desempenhos entre 85 mil jovens de 44 países.

O questionário aplicado a estudantes de 15 anos, para avaliar sua capacidade de solucionar problemas concretos, pôs o Brasil na 38ª colocação, conforme divulgou ontem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As questões do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) exigem que o estudante acione determinados processos cognitivos e correspondem a diferentes níveis de complexidade, classificados de 1 a 6. A média dos brasileiros foi de 428 pontos, bem abaixo dos asiáticos que lideram o ranking – Cingapura (562 pontos), Coreia do Sul (561) e Japão (552).

Nos países que ficaram nas primeiras posições, 11% dos estudantes responderam corretamente às perguntas de nível 5 e 6 – as mais complexas. No Brasil, o percentual foi de 2%.

A professora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Diuali Fagundes Jost sintetiza a explicação para o fraco desempenho dos alunos em uma frase:

– Não são as escolas que ensinam, mas os alunos que aprendem.

Para ela, as instituições brasileiras focam mais a abordagem dos conteúdos do que a troca de conhecimentos e a construção do aprendizado. Assim, o aluno precisa ser motivado a aprender: quem foi ensinado simplesmente cristalizou – às vezes, decorou – um conhecimento, enquanto quem efetivamente interagiu e foi instigado a buscar respostas acostumou-se a achar soluções pelo próprio esforço.

O fraco desempenho não preocupa o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares. Para ele, o resultado é um indicador de que a política educacional do país está no caminho certo. Como exemplo, Soares cita o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas questões envolvem situações cotidianas, sinalizando para a necessidade de uma formação escolar voltada para a vida:

– Na América Latina, só o Chile está à frente do Brasil. Nas perguntas de nível 5 e 6, que são as da inovação, a diferença entre o Brasil e os países mais consolidados é a menor em todas as edições do Pisa. Isso nos mostra que a educação está caminhando.

A avaliação é aplicada desde 2000, de três em três anos, para medir a proficiência de estudantes em leitura, matemática e ciências. Esta foi a primeira vez que o teste mediu a capacidade dos alunos de solucionar problemas. Os resultados nas outras áreas do conhecimento haviam sido divulgados em dezembro de 2013 e colocam o Brasil em 58º lugar dentre 65 países – em 2009, o país ocupava a 54ª posição.

Segundo a OCDE, alunos que se dão bem em matemática, leitura e ciências tendem a mostrar maior rendimento na solução dos problemas, porque estão mais bem equipados para desenvolver representações mentais coerentes, planejar de forma focalizada e mostrar flexibilidade para incorporar informações.

heloisa.sturm@zerohora.com.br tais.seibt@zerohora.com.br

HELOISA ARUTH STURM E TAÍS SEIBT

RANKING
Posição País Pontuação
1º Cingapura 562 pontos
2º Coreia do Sul 561
3º Japão 552
4º China/Macau 540
5º China/Hong Kong 540
6º China/Xangai 536
7º China/Taipé 534
8º Canadá 526
9º Austrália 523
10º Finlândia 523
11º Reino Unido 517
12º Estônia 515
13º França 511
14º Holanda 511
15º Itália 510
16º Rep. Tcheca 509
17º Alemanha 509
18º Estados Unidos 508
19º Bélgica 508
20º Áustria 506
21º Noruega 503
22º Irlanda 498
23º Dinamarca 497
24º Portugal 494
25º Suécia 491
26º Rússia 489
27º Eslováquia 483
28º Polônia 481
29º Espanha 477
30º Eslovênia 476
31º Sérvia 473
32º Croácia 466
33º Hungria 459
34º Turquia 454
35º Israel 454
36º Chile 448
37º Chipre 445
38º Brasil 428
39º Malásia 422
40º Em. Árabes 411
41º Montenegro 407
42º Uruguai 403
43º Bulgária 402
44º Colômbia 399
Fonte: Fonte: OECD - Pisa 2012

Multimídia

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