Falta de professores e de gestão

Falta de professores e de gestão

 

O confronto entre o governo e dirigentes do Cpers em torno da portaria sobre a falta de professores na rede pública expõe mais um exemplo das carências de gestão na educação. Por determinação do setor público, as escolas têm 24 horas para informar o Estado sobre a falta de professores. A medida foi adotada como parte das tentativas de racionalizar a solução de um problema crônico. Para os sindicalistas, o que a portaria expressa é uma transferência de responsabilidade da Secretaria de Educação para as direções das escolas. Diz o Cpers que as escolas já informam às autoridades quando um professor se ausenta e isso provoca transtornos no cumprimento das tarefas previstas.

É óbvio que cabe à direção de uma escola informar aos seus superiores sobre a eventual falta de profissionais, para que as providências sejam tomadas. É assim em qualquer atividade e não há por que ser diferente na área do ensino. O que o Cpers alega é que tal providência já vem sendo tomada regularmente. Afirmam os líderes da categoria que, ao publicar a portaria, o governo tenta insinuar que os diretores não costumam comunicar suas chefias. Assim, no entendimento do sindicato, a versão do governo para a não reposição de professores é a de que as direções seriam relapsas.

É constrangedor que, com tantos problemas a resolver, um sindicato e a alta cúpula da Educação prolonguem um confronto em torno de um tema aparentemente banal. Se Estado e Cpers não conseguem se entender sobre a forma de melhor gerenciar, no cotidiano das escolas, ausências no corpo docente, certamente não chegarão a um acordo sobre questões bem mais complexas. Que o conflito reafirme uma lição às partes envolvidas. A mais elementar, mas nem sempre levada a sério, é a de que gerir a educação significa bem mais do que cumprir atribuições pedagógicas. Gestores são também os que administram carências de recursos e imprevistos com sabedoria.

Editorial ZH




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