Desafios das escolas de tempo integral

Desafios das escolas de tempo integral

Docentes abordam desafios das escolas de tempo integral

No Uruguai, modelo aposta na experiência extraclasse

Virgínea afirma que o turno integral reduz repetência e abandonos


Virgínea afirma que o turno integral reduz repetência e abandonos A rede estadual de ensino possui atualmente 30 escolas de tempo integral. A intenção é criar, neste ano, mais 20 locais, em cumprimento à Lei Estadual 14.461, sancionada em janeiro de 2013, que estipula um prazo de dez anos para a implementação do tempo integral em 50% das escolas estaduais com Ensino Fundamental. A permanência dos estudantes durante oito horas nos estabelecimentos de ensino traz novos desafios para os gestores e professores. Para conhecer experiências bem sucedidas do modelo e discutir a importância da ampliação do horário de permanência no ambiente escolar, foi realizado ontem, na Assembleia Legislativa, na Capital, o Seminário Internacional sobre Escolas de Tempo Integral. 

Lia Faria, ex-diretora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), citou o exemplo do projeto de autoria do antropólogo Darcy Ribeiro, implantado nas décadas de 1980 e 1990. “Os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) procuraram recuperar o dever do Estado, que é garantir o direito à educação. Esses locais nada mais eram do que a escola pública honesta que o mundo civilizado oferece ao seu povo desde o século XIX, em muitos lugares do mundo”, afirma. De acordo com Lia, que trabalha como professora há 50 anos, uma das principais chaves para o sucesso das escolas de turno integral é a formação dos docentes, pois o processo de alfabetização é diferenciado. 

Para ela, a proposta dessas escolas deve ter foco na intersetorialidade e na captação de influências culturais regionais para o desenvolvimento das atividades. “É preciso que sejam trabalhados três pontos nas instituições, que são a educação, a saúde e a cultura. Para este último tópico, foi criada a figura do animador cultural, que é uma pessoa da comunidade que desenvolve uma linguagem artística e a traz para dentro da escola”. 

As instituições, de acordo com Lia, precisa se modificar e observar a totalidade do homem, que não pode ficar limitada ao simples ato de contar e escrever. O papel do professor também está passando por um processo de mudança, ganhando a forma de um curador de informações. “Nós precisamos selecionar os conteúdos e dar significado às múltiplas informações que chegam até os alunos”, ressalta.

No Uruguai, as escolas de turno integral estão ganhando cada vez mais espaço na rede pública de educação. Virgínea Tort, do Conselho de Educação Inicial e Primária do país, relata que 85% dos alunos uruguaios estudam em escolas públicas. Atualmente, existem 200 estabelecimentos com o modelo de turno integral. “Comprovamos que, nesses locais, as repetências, as ausências e os abandonos são menores. Isso porque o processo de aprendizado é diferenciado. Tudo o que é feito na escola tem alguma experiência educativa”, explica. Além disso, o modelo tradicional, de alunos em frente ao quadro, foi abandonado.

Virgínea afirma que todos os locais do prédio são próprios para o ensino, até mesmo a cozinha e o refeitório. Outra característica é que cada escola possui até 240 alunos. “O mais importante dessa proposta é que ela proporciona tempo para ouvir o outro e dotá-lo do poder da palavra. Somente com esse poder ele falará por si próprio”, ressalta. 


Fonte: JC

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