Testes são desperdício de dinheiro

Testes são desperdício de dinheiro

Testes da educação básica são desperdício de dinheiro, diz educador americano

Priscilla Borges - iG Último Segundo - 16/03/2014 - São Paulo, SP

As numerosas avaliações que medem o quanto crianças e adolescentes aprenderam na educação básica são hoje um desperdício. A ponderação feita por Lorin Anderson, professor emérito da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, também tem cárater provocativo. Estudioso do tema – é mestre em psicologia educacional e PhD em Medição, Avaliação e Análise Estatística –, ele diz que os países precisam usar os resultados dos testes para aprimorar a educação de fato.

“Não podemos mais gastar tanto dinheiro com as avaliações para ela nos dar tão pouco de volta. Temos de encontrar um retorno melhor para nosso investimento”, afirma. Para o membro da International Academy of Education, encontrar soluções mais adequadas a partir dos problemas de aprendizagem apontados nas provas é um desafio de muitos países.

A falta de continuidade – seja na aplicação dos testes ou nas políticas que tentam modificar os resultados – atrapalha o processo, segundo ele. A instabilidade desse processo faz com que escolas, professores e gestores não aprendam com os próprios erros. “Nos Estados Unidos, isso é bastante comum: novos governantes entram e desmontam e desrespeitam tudo o que foi feito antes”, critica.

Anderson foi convidado pelo novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares, a apontar maneiras para que o Brasil aproveite melhor os resultados da Prova Brasil. A avaliação é aplicada a cada dois anos aos alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. As notas dessa prova compõem parte do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede desempenho escolar.

O pesquisador é direto: o sistema educacional brasileiro precisa encontrar uma direção. Com objetivos, ele acredita que os instrumentos podem ser melhor utilizados. “Os alunos precisam ser o foco e o centro da discussão”, opina Bruce Rodrigues, educador e CEO da Education Quality and Accountability de Ontário, Canadá. Ele cuida de uma agência que avalia e acompanha programas de melhoria do ensino nas escolas da cidade.

Propostas

Rodrigues também foi convidado pelo Inep para participar de um seminário sobre o tema na semana passada em Brasília. Ele contou que, em Ontário, todos os dados da avaliação aplicada às crianças do 3º e do 6º anos do ensino fundamental são repassadas aos professores em um contexto. Os professores podem conferir, em cada relatório, se uma estratégia adotada por eles para ajudar estudantes em dificuldades, por exemplo, surtiram efeito no teste. Os detalhes individuais, para ele, são essenciais.

“Queremos que os professores ensinem de formas diferentes. E, se nós diferenciamos o ensino, temos de conseguir diferenciar as avaliações. Com os resultados em mãos, contextualizados e claros, apoiamos os professores para que descubram o que acontece com os alunos em dificuldade”, relata. A agência acompanha todo o trabalho, visitando e assistindo algumas aulas para ajudar os educadores a encontrar falhas.

Mas nada disso é para punir professores ou alunos. “Enfatizamos que o teste é apenas um indicador em um momento específico no tempo. Não achamos que temos as respostas e melhores soluções. É o professor que sabe a melhor forma de intervir”, ressalta Rodrigues. A agência de Ontário, no entanto, passou a dar treinamentos aos professores e pais dos estudantes para explicar melhor objetivos e resultados das avaliações. Além de acompanhar os trabalhos das escolas.

“Durante muito tempo, fomos um armazém que colhia, mas não disseminava informações. Mas somos uma agência de serviço e queremos ser eficientes”, comenta.

Compromisso

Francisco Soares; Ruben Klein, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional, e Priscila Cruz, diretora-executiva da organização Todos pela Educação, assinaram nesta semana um termo de compromisso para que o Inep traduza, de forma pedagógica, os resultados da Prova Brasil. “Queremos que a Prova Brasil dê um passo na direção da escola”, diz Soares.

Rodrigues ressalta que o mais importante nesse processo de mudança educacional é não esquecer que todos os alunos precisam ser contemplados no processo de ensino. “Eles precisam ter oportunidades iguais de sucesso. Escolas são da comunidade e precisamos saber o que ela espera dos seus alunos no final do processo”, defende.O pesquisador é direto: o sistema educacional brasileiro precisa encontrar uma direção. Com objetivos, ele acredita que os instrumentos podem ser melhor utilizados. “Os alunos precisam ser o foco e o centro da discussão”, opina Bruce Rodrigues, educador e CEO da Education Quality and Accountability de Ontário, Canadá. Ele cuida de uma agência que avalia e acompanha programas de melhoria do ensino nas escolas da cidade.

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