A hora da verdade

A hora da verdade

por Rejane de Oliveira*

Existem momentos da conjuntura que são determinantes para a classe trabalhadora, que exigem de nós a tomada de decisões que sejam capazes de mudar o rumo da história. Temos dois caminhos a percorrer: fazermos uma grande luta e exigirmos o piso nacional para professores e funcionários no último ano do governo Tarso, um ano eleitoral, em que os trabalhadores têm maior poder de pressão; ou permitir que o governo Tarso recoloque sua candidatura sem responder às promessas que fez a nossa categoria. O primeiro caminho condiz com a história da nossa categoria, uma história de coragem, dignidade, autonomia e independência. Se existe alguma possibilidade de obtermos conquistas é agora, em ano eleitoral, quando os detentores de mandatos estão mais suscetíveis à pressão, tentando fugir do desgaste acumulado pela falta de diálogo e desrespeito aos direitos dos trabalhadores. O governador Tarso descumpriu promessas de campanha. Desrespeitou a lei e desprezou a educação. Por isso, deve explicações ao povo gaúcho.

Antes de se eleger, em debate realizado no Cpers/Sindicato, o então candidato Tarso Genro assumiu publicamente o compromisso de implementar a Lei do Piso do Magistério e a criação da lei do piso para os funcionários de escola. A promessa de Tarso não teve meias palavras. Foi clara, assumindo o compromisso de pagar o piso nacional. Se, agora, em seu último ano de governo, não implantá-lo, que moral terá para assumir novos compromissos de campanha?

Mesmo que não fosse uma promessa eleitoral, o piso é lei. Foi aprovada e sancionada. Não bastasse, foram julgados recursos ao STF, deixando claro que o piso nacional é básico dos planos de carreira. Lei não se questiona, se cumpre. Ainda mais quando garante direitos aos trabalhadores. Porém, o governo Tarso continua agindo fora da lei.

O que o governador Tarso deixou de cumprir não foi só o compromisso assumido com o piso nacional, mas com a educação dos filhos dos trabalhadores deste Estado. Existem cerca de 13 mil educadores aprovados em concurso, porém menos de 5% do total foi chamado. O governo desconsidera esses trabalhadores e, de forma inacreditável, o primeiro edital publicado em 2014 pelo governo foi para abrir novas contratações emergenciais. Isso é compromisso com a educação?

Faltam professores e funcionários, existindo escolas nas quais os alunos estão iniciando o ano letivo com apenas três disciplinas. Falta infraestrutura. Tem escolas que não abriram, esperando a conclusão de reformas, ou abriram em condições precárias. Apesar disso, o governo não investe na educação sequer o que manda a Constituição do Rio Grande do Sul. E ainda retira direitos, reduz a democracia na gestão escolar e impõe uma reforma do Ensino Médio, colocando a escola pública a serviço dos empresários, o que exclui os estudantes de uma formação que os prepare para o futuro.

Os professores, funcionários de escola, especialistas e aposentados nunca deixaram de se manifestar quando deviam. Sempre assumiram o protagonismo da luta pela educação. Este é o momento em que o governador, que fez promessas de campanha diretamente a nossa categoria, está encerrando seu mandato. Temos que fazê-lo cumprir.

Para nós, educadores, a hora é agora. E a pressão se inicia pela assembleia geral do Cpers, amanhã, no Gigantinho. Ela tem que encher de orgulho o peito de professores, funcionários de escola, especialistas e aposentados. O debate da greve está colocado e o desafio é para todos nós.

Cabe ao sindicato mobilizar e chamar para a luta.

Para o governo, que não honrou com a palavra e assinatura, chegou a hora da verdade.

*Presidente do Cpers/Sindicato

http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4444490.xml&template=3898.dwt&edition=23901&section=1012




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