O dilema do IPE
A polêmica em torno do IPE-Saúde, diante da perspectiva de ampliação dos benefícios aos pais e mães dos segurados, evidencia o risco de o poder público gaúcho enfrentar um impasse financeiro de consequências imprevisíveis. Mesmo com esse grau de dificuldades, e sem perspectivas de resolvê-las de imediato, o Estado dispersa hoje energia no debate de uma proposta que, na hipótese de ser aprovada, tende a frustrar os beneficiários, além de prejudicar ainda mais as contas públicas. Por isso, o debate precisa ser conduzido com bom senso, especialmente se considerarmos que este é um ano de campanha eleitoral.
Uma das iniciativas sobre o tema, do deputado Paulo Odone, prevê a ampliação dos benefícios do IPE-Saúde aos familiares dos segurados sem qualquer contrapartida. A proposta do Piratini, encaminhada em regime de urgência, abre a possibilidade de o plano ser estendido mediante pagamento suplementar. Especialistas alertam que o primeiro projeto é demagógico; o segundo, inviável. E ambos ameaçam a sobrevivência do sistema de saúde dos servidores estaduais. Por isso, a discussão não pode ficar restrita aos interessados e ao parlamento, precisando se estender a toda a sociedade.
Como ano eleitoral é propício a demagogias, os contribuintes precisam acompanhar com atenção os movimentos da Assembleia. O poder público gaúcho está diante da iminência de déficits crescentes daqui para a frente, ao mesmo tempo em que se esgotam fontes alternativas de recursos, como a do caixa único, e que não serão resolvidos com uma eventual renegociação da dívida. O momento, portanto, deve ser visto pelo governo como de austeridade, não de atos que, no final, podem agravar ainda mais as finanças, sem a garantia de que irão satisfazer os servidores.
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