Desempenho de escolas particulares X estaduais

Desempenho de escolas particulares X estaduais

Enem: 52% de escolas particulares possuem desempenho equivalente a de escolas de redes estaduais

     
Qui, 27 de Fevereiro de 2014

Estudo do professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse, evidencia também que 16% das escolas das redes estaduais não atingiram proficiência mínima esperada para ensino médio no Enem de 2012


Na reunião do Conselho Municipal de Educação de São Paulo (CME-SP) do último dia 13 de fevereiro, o conselheiro e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) Ocimar Alavarse apresentou estudo no qual conclui que 52% das escolas particulares do país tiveram desempenho equivalente ao desempenho das escolas das redes estaduais no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012.O estudo foi construído a partir das informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação (MEC) no fim do ano passado.

Segundo o professor da FE-USP, a pesquisa foi elaborada a partir do resultado médio das escolas em que participaram do exame, no mínimo, 50% de seus alunos matriculados no último ano do ensino médio. “Isso dá uma segurança estatística para tomar estes resultados como uma média da escola, tal como se faz com a Prova Brasil”, explicou o professor ao fazer comparação com o teste aplicado a alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º do ensino médio de escolas públicas brasileiras a cada dois anos.


Em sua análise, Ocimar mostra que 97,9% dos alunos das redes estaduais de todo o Brasil atingiram até 560 pontos no Enem 2012, sendo que a média dos estudantes destas redes foi de 479,4 pontos. Já em relação às escolas particulares – que atendem cerca de 12% do total de alunos matriculados no ensino médio no país -, o professor chamou atenção para o fato de que 52% de seus alunos atingiram até 560 pontos e, no geral, estas escolas tiveram média de 558,1 pontos: “na média, possuem um desempenho maior, mas indo além da média e verificando a distribuição das notas percebemos que grande parte das escolas privadas está vendendo uma ilusão”, alertou.

Os 2,1% dos estudantes de escolas estaduais que atingem mais de 560 pontos, segundo Ocimar, seriam aqueles que conseguem entrar nas universidades públicas por meio de ações afirmativas. Para ele, esse é um dos motivos que explicam o fato de estes alunos não diminuírem a qualidade do ensino e do conhecimento produzido nas instituições de ensino superior em que ingressam.


16% sem proficiência mínima

Além de apresentar comparação entre escolas públicas e privadas de ensino médio, o professor da FE-USP mostrou que 16% das escolas das redes estaduais não atingiram proficiência mínima esperada para ensino médio no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2012. “Este dado também é alarmante. Com 450 pontos no Enem, o candidato pode solicitar equivalência no ensino médio e isso acaba demonstrando que 16% das escolas das redes estaduais brasileiras não seriam consideradas como certificadas para o ensino médio”, afirmou Ocimar.

Já em relação às escolas particulares, o professor relatou que 14 escolas não alcançaram a média mínima prevista para o aluno após ter cursado o ensino médio. “Essa diferença pode ser explicada porque apenas 12% dos alunos estão nas escolas privadas e isso se refere, evidentemente, aos alunos com nível socioeconômico mais elevado. E, como a gente sabe, o nível sócio econômico responde por entre 70% e 80% do desempenho escolar”, explicou o conselheiro.

Após a conselheira Hilda alertar para as chamadas “peneiras” – seleção dos alunos com melhor desempenho para a realização de um exame – feitas pelas escolas privadas, Ocimar ponderou que o estudo é apenas um primeiro diagnóstico e, que além de poder ser detalhado de acordo com as informações de cada estado, também pode ser complementado a partir de pesquisas feitas por outros pesquisadores como, por exemplo, a tese de doutorado do professor doutor em educação e integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), Rodrigo Travitzki. (Veja entrevista com o professor Rodrigo Travitzki)

Em sua pesquisa, Rodrigo defende que as avaliações externas devem ser apenas uma parte do processo de avaliação educacional e reforça a necessidade de complementação dos resultados obtidos por meio destes exames, relacionando-os ao nível socioeconômico dos estudantes.

Fonte: Observatório da Educação

http://www.acaoeducativa.org.br/index.php/educacao/47-observatorio-da-educacao/10004895-enem-52-de-escolas-particulares-possuem-desempenho-equivalente-a-de-escolas-de-redes-estaduais




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