Interação professor-aluno e o conhecimento
Interação professor-aluno na construção do conhecimento
Artigo Científico apresentado a Faculdade de Educação da Finom, como requisito parcial, para obtenção do título de Especialista em Alfabetização e Letramento
Cláudia- MT 2009
RESUMO
O presente artigo científico tem como objetivo discorrer acerca da importância da interação professor-aluno na construção do conhecimento. A reflexão aqui apresentada esta subsidiada na teoria de Piaget. Suas contribuições é de extrema importância para a educação escolar, pois nos faz compreender a grande influencia que a interação entre o individuo e o meio exerce sobre o desenvolvimento mental da criança. É evidente a necessidade de um ambiente estimulador, que favorece esse desenvolvimento e, portanto, a sua aprendizagem futura. A escola, mas do que nenhum outro segmento educacional, tem a possibilidade de oferecer essas condições de desenvolvimento. Proporcionar um ambiente rico em estímulos e permitir que a criança o explore à vontade e exercite as suas capacidades de assimilação e acomodação- eis a finalidade básica da escola.
Palavras – chave: Interação – Desenvolvimento – Conhecimento.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo refletir sobre o papel do professor referente à interação professor-aluno na construção do conhecimento.As reflexões aqui apresentadas têm como base pesquisas bibliográficas diversas abrangendo conteúdos de Psicologia, Sociologia, entre outros, que se fizeram necessários para a complementação e auxílio no processo de crescimento profissional e social, ao discursar a interação.
A relação professor-aluno é uma condição de processo de aprendizagem, pois esta relação dinamiza e da sentido ao processo educativo. Apesar de estar sujeita a um programa, normas da instituição de ensino, a interação do professor e do aluno forma o centro do processo educativo.
A relação professor-aluno pode-se mostrar conflituosa, pois se baseiam no convívio de classes sócias, culturas, valores e objetivos diferentes. Podemos observar dois aspectos da interação professor-aluno: o aspecto da transmissão de conhecimento e a própria relação pessoal entre professor e aluno e as normas disciplinares imposta. Esta relação deve estar baseada na confiança, afetividade e respeito, cabendo o professor orientar o aluno para seu crescimento interno, isto é, fortalecer-lhe as bases morais e criticas, não deixando sua atenção voltada apenas para o conteúdo a ser dado.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A relação professor/aluno é hoje considerada fundamental no processo de aprendizagem. Diante disso é de extrema importância conhecer a criança e suas manifestações. Para isso temos na literatura várias teorias e concepções, dentre as quais a concepção interacionista.
A criança como todo ser humano é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que esta inserida em uma sociedade e desde seu nascimento tem seu desenvolvimento percepto-cognitivo, motor e sócio-emocional promovido por sua interação com o meio no qual esta inserido, sendo que o ambiente e as relações de interações influenciam na construção de sua subjetividade e no comportamento. Assim a escola como criação social representa um espaço em que as apropriações comuns de uma sociedade podem ser ordenadas e classificadas de acordo com a utilidade e a significação dos conceitos sociais.
Os estudos sobre desenvolvimento infantil tiveram um avanço a partir das abordagens interacionistas. Aqui iremos abordar o pensamento de Jean Piaget, um dos mais conceituados psicólogos, produtor de uma ampla pesquisa sobre o desenvolvimento infantil.
Um dos pontos principais da obra de Piaget esta na perspectiva construtiva do ser humano, considera que o desenvolvimento das pessoas obedece a uma ordem de estágios caracterizado por sucessivas equilibrações. A natureza e as características humanas mudam com o passar do tempo e com a evolução desses diferentes estágios. A sua proposta de estudo é entender como a criança constrói conhecimentos para que as atividades de ensino sejam apropriadas aos níveis de desenvolvimento das crianças.
Assim à medida que a maturação vai abrindo novas possibilidades, que a exploração do ambiente apresenta novos desafios e que a educação vai apresentado novas questões, a pessoa em desenvolvimento se vê brigada a ir construindo respostas novas, conseguindo assim níveis de adaptação cada vez mais elaborados, frutos de uma tendência contínua e ascendente à equilibração.
ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS
• Esquema: é a unidade básica da vida intelectual; no princípio são ações pautadas biologicamente que logo vão sendo diversificadas e vão dando lugar a novas condutas que também se integram e ações mais complexas;
• Assimilação: uma vez dominado um esquema, a conduta irá se repetir com o objeto sobre o qual inicialmente se formou, mas também com todos aqueles que se deixa tratar da mesma maneira, isto é, com aqueles que se deixem assimilar ao esquema;
• Acomodação: quando um esquema não responde às características de um objeto( desequilíbrio) então é necessário modificar o esquema prévio( acomodação) para restaurar o equilíbrio, com isso a conduta se diversifica e a adaptação melhora.
Os processos de assimilação e acomodação são complementares e acham-se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual sendo um processo extremamente dinâmico e envolve a todo momento tanto a assimilação como a acomodação, possibilitando um crescimento, um desenvolvimento pessoal, na medida em que o sujeito adquire uma competência e uma flexibilidade cada vez maiores para lidar com as situações da vida prática.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRINCIPAIS PERIODOS DE DESENVOLVIMENTO
Podemos conceituar o desenvolvimento – conforme Piaget – como um processo de equilibração progressiva que tende para uma forma final, qual seja a conquista das operações formais. O equilíbrio se refere a forma pela qual o individuo lida com a realidade na tentativa de compreendê-la, como organiza seus conhecimentos (ou seus esquemas) em sistemas integrados de ações ou crenças, com a finalidade de adaptação.
Ao longo de sua vida Piaget observou que existem formas diferente de interagir com o ambiente nas diversas faixas etárias. A essas maneiras típicas de agir e pensa, Piaget denominou estágio ou período. Assim sendo, podemos dizer, que a determinadas faixas etárias correspondem determinados tipos de aquisições mentais e de organização destas aquisições que condicionam a atuação da criança em seu ambiente. A criança irá, pois, à medida que amadurece física e psicologicamente, que é estimulada pelo ambiente físico e social, construindo sua inteligência.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL SEGUNDO PIAGET
Estágio sensório-motor ( 0 a 2 anos): a inteligência, neste estágio, é prática e se relaciona com os problemas de ação ( conseguir movimentar o móbile sobre o berço; alcançar um objeto que esta sobre a cama, mas ao qual não se pode chegar diretamente; encontrar uma bola que rolou para debaixo do sofá, etc.).
Estágio pré-operatório( 2 a 7 anos): a Inteligência já é simbólica, a linguagem aparece e é enriquecida rapidamente, a imaginação se desenvolve. Os desafios que devem ser enfrentados já não são sensório-motores, mas lógica; a respostas apropriadas já não serão físicas, mas raciocínios. Mas a falta de articulação entre esses raciocínios, a tendência ao egocentrismo( adotar o próprio ponto de vista como se fosse o único possível) ou à centração ( fixar-se em um traço do objeto ignorando outro, como quando se vê a altura de um líquido em um copo sem considerar sua largura), fazem com que esses raciocínios ainda careçam de lógica.
Estágio das operações concretas( 7 a 12 anos): o pensamento lógico aparece, no início, raciocina-se logicamente somente sobre conteúdos simples ( defasagens horizontais), mas, aos poucos, a lógica vai impondo sua soberania sobre todas aquelas situações que o sujeito pode submeter à verificação empírica, isto é, sobre situações de experiência concreta.
Estágios das operações formais( a partir da adolescência): o pensamento lógico alcança sua expressão máxima, porque é capaz de ser aplicado de forma coerente e sistemática sobre situações que exigem manejar hipóteses e, em seguida submetê-las a uma verificação ordenada e exaustiva, desprezando as que não se confirmam, ou aceitando, como parte da realidade, as que se confirmam. A expressão máxima desse nível é a forma de operar do cientista que imagina hipótese, organiza-as, comprova-as, sistematiza os resultados de suas descobertas, etc..
O LUGAR DA INTERAÇÃO NA CONCEPÇÃO DE JEAN PIAGET NA VISÃO DE LA TAILLE.
Em seu livro, biologie et connaissance, Piaget escreveu que:
“A inteligência humana se desenvolve no individuo em função de interações sociais que são em geral demasiadamente negligenciadas”.
Para introduzir a questão, analisemos a seguinte afirmação: o homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em outras palavras o homem não social, o homem considerado como molécula isolada do resto de seus semelhantes, o homem visto como independente das influencias dos diversos grupos que freqüenta, o homem visto como imune aos legados da historia e da tradição, este homem simplesmente não existe.
Para Piaget, o “ser social” de mais alto nível é justamente aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes da forma equilibrada. Como a equação elaborado por Piaget é um agrupamento, os interlocutores deverão também, cada um de seu lado, ser capazes de pensar seguindo a mesma operação. Como o agrupamento é a formalização dada por Piaget para descrever o pensamento operatório, decorre que tal equilíbrio das relações sociais somente é possível entre sujeitos que tenham atingido este estagio de desenvolvimento. Dito de outra forma, a maneira de ser social de um adolescente é uma, porque é capaz de participar de relações como aquela descrita pela equação, e a maneira de ser social de uma criança de cinco anos é outra, justamente porque ainda não é capaz de participar de relações sociais que expressam um equilíbrio de trocas intelectuais. Vê-se portanto que – para Piaget não se trata de traçar uma fronteira entre o social e o não social, mas sim de, a partir de uma característica importante das relações possíveis entre pessoas de nível operatório – que representa o grau Maximo de socialização do pensamento-, comparar graus anteriores de socialização. “Às principais etapas do desenvolvimento das operações lógicas, escreve ele, correspondem, de maneira relativamente simples, estágios correlativos do desenvolvimento social”.
È interessante notar uma peculiaridade da teoria de Piaget no que se refere às influencias da interação social no desenvolvimento cognitivo. Em geral, quando se pensa em tais influencias, aborda-se a questão da cultura: determinadas ideologias, religiões, classes sociais, sistema econômico, presença ou ausência de escolarização, características da linguagem, riquezas ou pobrezas do meio etc. Piaget pouco se remete a fatores dessa ordem, o que certamente limita sua teoria.Como vimos, a alternativa determinante por ele assinala é aquela que opõe a coação à cooperação. Ora, isso significa que Piaget pensa o social e suas influencias sobre os indivíduos pela perspectivas da ética!
INTERAÇÃO PROFESSOR – ALUNO NA CONSTRUÇAO DO CONHECIMENTO
A teoria interacionista baseada na psicologia genética de Jean Piaget, dá liberdade ao educando para que interaja da forma que escolher com o ambiente físico e social que o cerca.
A criança deve explorar ao máximo o meio e pode escolher dentre várias tarefas que lhe são propostas as que mais lhe interessem, sendo permitido que ela busque várias formas de executá-las. Dá-se margem, assim, à criatividade e ao espírito de pesquisa e invenção, sem a imposição de um treinamento mecânico ou a preocupação única de prepará-la para ser um ser social.
Desta forma, procura-se desenvolver o educando integralmente e em todos os sentidos, inclusive nas habilidades necessárias à escolarização. Estaremos formando indivíduos criativos, inventivos, autoconfiantes, para uma sociedade democrática, em que a liberdade de escolha é a ênfase. Essa liberdade, porém, é desenvolvida ao mesmo tempo que a responsabilidade e o próprio aluno devera saber controlar seus impulsos para poder conviver, brincar e trabalhar sempre em interação com os outros colegaS.
CONSIDERAÇÕES
O professor pode mudar o cotidiano, abrindo, assim, o caminho para novas conquistas em busca de um mundo melhor. Segundo Sonia Kramer, é observando a criança brincando que a gente aprende a ter esperança.
- Nas mãos da criança, uma cadeira virada ao contrário, pode se transformar em um navio, numa casa, num trem... Precisamos aprender esta capacidade de virar o mundo pelo avesso e de dar outro sentido às coisas para fazer diferente do que é esperado, do que é convencional, habitual. É assim que, nos pequenos gestos do dia-a-dia, o professor pode interferir para mudar a realidade. A criança precisa ser entendida pelo que é, faz e traz e não pela falta.
Quando a gente fala da criança como sujeito que produz cultura, não se pode esquecer que ela pertence a uma classe social e a uma história dentro de um determinado grupo. Precisamos ver a criança como sujeito e oferecer possibilidades para que ela produza, seja respeitada na escola, na creche e na vida social. E para isso é fundamental que ela tenha condições de moradia, saúde e emprego para a família. Adquirir voz tem esse duplo sentido.
A criança precisa ter oportunidade de se expressar com o corpo, interagir com a natureza e não só ficar presa em uma cadeira diante de um quadro-negro.
É por intermédio do outro que a criança aprenderá a interpretar o mundo físico, social e cultural no qual se inscreve.
É, portanto, por meio do toque, do olhar, do gesto e da fala, que a criança constituirá seus significados sobre o meio. Por meio da relação adulto – criança, criam-se enredos variados, os quais traduzem os significados sobre objetos, das ações e das relações que se produzem no meio no qual a criança é também conduzida. O outro, nesse momento, apresenta o mundo da cultura à criança, garantindo-lhe os elementos necessários à constituição de saberes.
A comunicação da criança com o outro, face a partir dos gestos, das emoções que a contagiam fazendo com que ela, na busca de compreender estas manifestações não verbais, atribua a elas algum significado. É, portanto, nesse processo de interação com o outro, no compartilhamento dos significados que a criança obtém um acervo de conteúdos sobre os quais alicerça sua compreensão acerca do meio.
Uma vez proporcionadas à criança situações em que seja solicitada a agir sobre os objetos e os seres presentes a sua volta, é muito provável que estejamos ampliando suas possibilidades de aprendizagem.
É agindo como o adulto age, imitando no ato seus gestos, suas expressões e seus movimentos, como também rolando tal qual objeto rola, a ponto de experimentar ações diversificadas, que a criança construirá a base de um repertório sobre modos de ser e fazer, que lhe permitirá, depois, fazer do seu jeito, de forma singular, deixando de ser a reprodução de uma ação conhecida para ser a sua recreação original.
É preciso que a professora e/ou o professor proporcione as crianças oportunidades de tempo, materiais e interações variadas, buscando sua adequação às atividades exploratórias das crianças. É preciso que as observem atentos para que possam reconheceras variações dos tempos individuais, que marcam a singularidade de cada criança diante das respostas que produzem as solicitações do meio.
A capacidade simbólica permite-lhe a duplicação do real por meio da palavra, do gesto, da imagem mental, do desenho e do jogo simbólico. Esta é capaz então de reapresentar o mundo, de tornar presentes por meio de sua ação/pensamento, situações ocorridas em tempo/espaços distanciados. Esta sua capacidade implica diretamente possibilidades mais amplas de conhecimento do mundo e, portanto, de elaboração das noções referentes às áreas do conhecimento.
Movida pela ação e pela curiosidade, seu tempo de concentração numa atividade é bastante pequena.
A aprendizagem da criança faz-se por meio da ação e da observação sobre o meio, da construção de práticas e de sua capacidade simbólica e, tudo isso, por meio das interações sociais que vivencia. Nesse âmbito de aprendizagem, constrói conhecimento social, afetivo, motor e cognitivo. Não o faz sozinha, mas antes, por meio da ação continente do educador, que promove, organiza e configura as situações de aprendizagem. Nelas, solicita a agir e promove a produção de conhecimentos, os quais por sua vez lhe capacitam ampliá-los.
REFERÊNCIAS
MENDES, Tânia Scuro. Construção de possibilidades em sala de aula.UFRGS
LA TAILLE, Yves. PIAGET, VYGOTSKY, WALLON. Teorias Psicogenéticas em discussão.Sammus editorial, 1992.
RAPPAPORT, Clara Regina. Modelo piagetiano.
Modelo Pedagógico para Educação Pré – escolar. Cenp, Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, 1979.
ALMEIDA, Ordália Alves. História da Educação. UFMT, 2006.
CRIANÇA, Revista. Práticas para a igualdade racial na escola. Dezembro 2006.
CRIANÇA, Revista. Práticas para a igualdade racial na escola. Novembro 2006.
http://www.webartigos.com/artigos/interacao-professor-aluno-na-construcao-do-conhecimento/118917/