Estudantes migram para escolas privadas
A cada ano, mais estudantes da educação básica migram para escolas privadas
Priscilla Borges - Ig Último Segundo - 27/02/2014 - São Paulo, SP
A cada ano, os dados do Censo Escolar feito pelo Ministério da Educação mostram uma queda no número de estudantes brasileiros. Esse fenômeno, no entanto, não tem sido percebido na rede privada de ensino. Ao contrário das escolas públicas, as instituições particulares ganham cada vez mais alunos. Entre 2012 e 2013, a rede cresceu 3,5%. A rede pública – que inclui os colégios federais, estaduais e municipais –, por sua vez, tive queda de 1,9% nas matrículas.
O percentual de redução das matrículas na rede pública representa um contingente de 790.415 alunos. Como explicam os especialistas, parte desse número reflete a queda natural no número de estudantes do país, já que a população reduziu de tamanho e as políticas educacionais para correção de fluxo (diminuir a quantidade de jovens reprovados) surtiram efeito. Os números do Censo mostram que essa queda geral nas matrículas foi de 502.602 estudantes entre 2012 e 2013.
Os outros 287.813 alunos, no entanto, migraram para a rede privada no ano passado. Agora, a escolas públicas possuem 8.610.032 alunos. A participação das escolas particulares no total de matrículas do País saltou de 12% em 2007 para 17% em 2013. A quantidade, segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Reynaldo Fernandes, é significativa. Reynaldo já presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela elaboração do censo a partir dos dados oferecidos pelas secretarias estaduais e municipais de educação.
Ele ressalta que muitas famílias, quando melhoram a renda, tendem a colocar os filhos nas escolas particulares. “Toda vez que a economia melhora, as matrículas na rede privada aumentam. As pessoas ainda têm a percepção de que a escola particular é melhor, apesar de existirem muitas ruins. Além disso, a greve se torna outro motivo de transferência”, concorda Ruben Klein, diretor-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
Para Rubem, a queda geral no número de estudantes não deve ser vista com preocupação. A redução de quase 3 milhões de estudantes nos últimos seis anos, para ele, é um bom sinal. “Uma parte dessa queda é explicada pela questão demográfica, mas o principal é que menos estudantes estão ficando retidos nas séries. Se analisássemos a população que deveria estar matriculada no ensino fundamental ou no ensino médio, veríamos que temos muito mais matrículas do que deveríamos, porque há muitos fora da série adequada para a idade”, afirma Klein.
A maior perda da escola pública foi na rede estadual. Em 2013, 4,2% dos 18,7 milhões de estudantes matriculados em 2012 deixaram os colégios da rede. Na rede municipal, não houve alteração de alunos. Há cerca de 23 milhões de crianças estudando nos colégios municipais. A rede federal, que é pequena diante das outras, cresceu 5,2%. Em 2012, possuía 276 mil alunos e, em 2013, ultrapassou os 290 mil.
Jornada ampliada
O número de estudantes do ensino médio que estuda em turno integral também aumentou. Ontem, os dados do crescimento da oferta de jornada ampliada para os alunos do ensino fundamental foram ressaltados pelo ministro da Educação, Henrique Paim, como a grande revelação do censo. Em um ano, a quantidade de crianças nas escolas integrais aumentou 45,2%. Há 3,1 milhões de crianças nessas escolas do total de 29 milhões de alunos do ensino fundamental.
Entre os adolescentes e jovens que cursam o ensino médio, a parcela que possui jornada ampliada é bem menor. Em 2013, 377.662 alunos estavam matriculados em turnos integrais. Um percentual de 4,54% dos 8,3 milhões de matriculados nessa etapa. O crescimento em relação a 2012 foi de 26,8%. A maior parte das vagas está na rede pública: 344 mil (um aumento de 28,2% no número de alunos em relação a 2012). Na rede privada, as vagas de jornada ampliada cresceram 14,8%, chegando a 33 mil estudantes.
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