Alunos especiais fora das salas de aula
Ano letivo começa sem professores de apoio na rede municipal de ensino de Niterói
Fonte: O Globo (RJ)
O ano letivo na rede municipal de Ensino de Niterói já começou, mas não para todos Alunos: boa parte dos 1.200 estudantes com necessidades especiais ainda não teve aulas, pois não há Professores de apoio em muitas Escolas.
Sem querer se identificar, a mãe de um Aluno de 7 anos da Escola Mestra Fininha, no Barreto, conta que, no ano passado, recorreu à Justiça para garantir que seu filho tivesse aula. Autista, ele ficou sem estudar entre fevereiro e abril.
- Apresentei uma denúncia ao Ministério Público estadual e, em maio, o problema foi resolvido, disponibilizaram um Professor de apoio. Pelo que parece, este ano terei de fazer o mesmo. Fomos à Escola na segunda-feira em vão - afirma a mãe.
Até a última sexta-feira, a Fundação Municipal de Educação não tinha informado se haveria Professores de apoio na Escola Mestra Fininha.
Concurso no fim deste ano
Berenice Piana, que dá nome à lei federal 12.764, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, lamenta a situação. Segundo ela, Niterói é uma das muitas cidades brasileiras que deixam Alunos especiais em segundo plano.
- Professores não são preparados e o currículo não é adaptado. E ainda existe a política de botar tudo num mesmo pacote, dividindo as tarefas de apoio em sala de aula. Cada Aluno tem uma necessidade própria - critica Berenice.
O presidente da Fundação Municipal de Educação, José Henrique Antunes, explica que o último concurso para a rede municipal de Ensino, realizado em 2010, não contemplava Professores de apoio. Os que trabalham hoje na rede foram selecionados por meio de um processo de seleção simplificada.
- Foi publicado um edital em 2013 e candidatos ao cargo de Professor de apoio receberam pontuação pela apresentação de currículos. Além disso, passaram por uma entrevista. O concurso para essa categoria acontecerá no fim deste ano - diz Antunes.
O secretário municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Valdeck Carneiro, diz que, a partir de amanhã, haverá 400 Professores de apoio na rede. Ao contrário de Berenice Piana, ele acha bom que um profissional atenda mais de um Aluno:
- Pedagogicamente, é positivo que haja essa divisão. Queremos que cada Aluno desenvolva autonomia. Só colocamos um Professor específico em casos crônicos e com apresentação de laudo.
O orçamento para a Educação em 2014 é de R$ 310 milhões, 30% a mais do que em 2013.
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