O que é o apartheid?
Apartheid é o nome dado ao regime segregacionista que foi implantado na África do Sul por volta de meados do século 20. Esse regime impedia que a população negra tivesse direitos sociais, econômicos ou políticos.
Localização da África do Sul (Wikipédia)
Tudo começou com a chegada dos holandeses ao extremo sul da África, pelo cabo da Boa Esperança, a partir de 1652, a serviço da Companhia da Índias Orientais. Eram fazendeiros que produziam alimentos para abastecer os navios da Companhia.
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Eles acreditavam terem sido escolhidos por Deus para organizar uma sociedade perfeita e ficaram conhecidos por africânderes. Não se deve confundir com africâner, que é a língua falada por eles, que é uma mistura de 70% da língua holandesa e o resto de francês, português, alemão e inglês.
Os africânderes criaram o apartheid, o regime de segregação racial apoiado em uma espécie de calvinismo muito particular, que originou a Igreja Reformada Holandesa.
Igreja Reformada Holandesa. (Wikipédia)
E foi a partir dessa doutrina que justificavam a expulsão dos antigos habitantes da África do Sul, os negros africanos.
Os britânicos chegaram à África do Sul em 1806 e fizeram com que os holandeses também passassem à condição de colonizados. A partir daí, holandeses perderam o poder e os privilégios que desfrutavam, fato que gerou insatisfação com as leis britânicas. Essas leis davam direitos aos negros e mestiços e resultou em um êxodo, conhecido como a “grande jornada” que durou entre 1835 a 1843.
Nesse êxodo, alguns imigrantes chegaram à Angola e outros fundaram repúblicas independentes, mas a marca de todas elas era a institucionalização de segregação racial com a missão de preservar as diferenças ‘naturais’ entre as raças.
No século 19, com a descoberta de reservas de ouro juntamente com o domínio britânico e os dois povos entraram em guerra e os Africânderes foram massacrados por inferioridade numérica e escassez de recursos. Esse episódio marcou o início do domínio britânico no país.
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Na década de 20, a política de segregação ganhou novas normas, que incluíam a proibição de relações sexuais entre pessoas de raças distintas. Na próxima década, os líderes africânderes inspirados pela política de Adolf Hitler firmaram a missão de proteger a integridade e a superioridade da raça e da cultura africânder.
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Em 1949 os nacionalistas chegaram ao poder com um novo conceito para designar a separação das raças: apartheid que significa “segregação” em africâner. Houve então a separação de locais públicos, como cinemas, restaurantes, hotéis e ônibus, entre pessoas de raças diferentes. Milhões de negros, mestiços e indianos somente podiam transitar pelo país com passaportes. A população branca, além de trânsito livre tinha verbas 20 vezes maiores para a educação e salários 15 vezes mais altos.
Influenciados pelas ideias do nazismo alemão, um grupo de africânderes fundou , em 1938, o Partido Nacional Africânder, que pregava a supremacia branca e a proteção da cultura africânder. O partido chegou ao poder em 1949, quando o país ainda estava sob domínio britânico.
Bandeira do Partido Nacional Africânder (Wikipédia)
Foi em 1973, em uma Assembleia Geral da ONU que o apartheid foi considerado um crime contra a humanidade. Os EUA embargaram economicamente e houve muita pressão para que o presidente Frederik de Klerk derrubasse as leis de segregação racial no início dos anos 90. Após um plebiscito 70% dos eleitores brancos votaram a favor do fim da segregação.
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Foi nesse panorama que surgiu o jovem militante Nelson Mandela, estudante de direito, foi um dos fundadores da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, e prontamente foi reconhecido como um líder para a libertação dos negros. Reconhecido como um pacifista e adepto da desobediência civil, Mandela também defendeu a luta armada quando não restasse outra alternativa.
Mandela em 1937 (Wikipédia)
Durante os anos de militância, Mandela foi preso inúmeras vezes, até que, em 1964, foi condenado a prisão perpétua por terrorismo. Por 27 anos enquanto esteve na cadeia, o líder africano escrevia cartas de motivação para seus companheiros de luta .
Cela onde Mandela permaneceu por 27 anos (Wikipédia)
Em 1994, ocorreram na África do Sul as primeiras eleições com sufrágio universal, e Nelson Mandela foi eleito presidente. Utilizando de diplomacia , Mandela soube negociar com os diversos grupos a transição que ocorreu no país de forma pacífica.
Nelson Mandela, Primeiro Presidente eleito da África do Sul(Wikipédia)
Atualmente os cidadãos da África do Sul possuem os mesmos direitos independente da cor de sua pele, garantidos pela constituição. Entretanto, o longo período de segregação e preconceito deixaram marcas na sociedade. Problemas como a AIDS, desemprego e analfabetismo entre a população negra, são desafios que o país ainda precisa superar.
Favela em Soweto (Wikipédia)
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