Não vai ter Copa
“#Não vai ter Copa”
Pelé está chorando porque justamente agora, que a Copa está marcada para ser aqui no Brasil, há protestos contra “a festa”. Pelé foi ministro do Fernando Henrique Cardoso.
Reinaldo de Azevedo, jornalista da direita barulhenta, gostaria de ir lá enxugar as lágrimas do Pelé, mas está ocupado. É que o policial que deu dois tiros reais, com balas reais, em um garoto na manifestação, segundo o Azevedo fez isso em legítima defesa, e agora está sendo “linchado”. Creio que Azevedo vai passar o mês protegendo esse policial contra perigosos black blocs que estão por todo canto em São Paulo, no movimento “nãovaitercopa”, prontos para com asas mágicas caírem em bandos de milhares sobre os policiais, para sugar-lhes o sangue.
O conhecido empregado do governo Lula, Luís Nassif, parece que aderiu de vez ao comando de Pelé e Reinaldo, obviamente sem deixar de obedecer Dilma. Foi ele notar na internet uma pequena tira cômica, que fiz sobre o “#nãovaitercopa”, e novamente saiu de voadora, atacando de novo minha esposa (que é só o que ele sabe fazer).
Parece que o movimento libertário “#nãovaitercopa” acertou em cheio ao escolher esse lema, pois a população, mesmo os que gostam de futebol, não aguentam mais ver as forças da esquerda institucional e da direita jornalística ou partidária, se unirem de modo tão fácil para dizerem em uníssono: antes a ordem que o progresso. E que a ordem seja sempre a ordem em favor “dos de cima”, para usar uma expressão ao gosto do professor Florestan Fernandes.
Pessoas de direita e esquerda por vocação se agrupam a jornalistas marrons pagos pelo governo para defenderem o status quo. Tem até um deputado aí colocando em pauta no Congresso um projeto de lei que diz que seria bom que o manifestante contra a Copa pegasse no mínimo trinta anos de cadeia.
Toda fala que se escuta de autoridades partidárias, de toda origem, é a mesma: “o direito de manifestação é legítimo, mas …”. Ora, depois desse “mas” vem de tudo. Caso cutucarmos um pouco, aí a ideia de dar uns tiros nos manifestantes até pode sair, se afastamos dessas autoridades os microfones.
O Brasil realmente está ameaçado, mas não é por black blocs ou qualquer pessoa que esteja dizendo “#nãovaitercopa”, mas pelo que estão interessados em fazer a tal festa pelezista a qualquer preço, onde a expressão “a qualquer preço” não é uma metáfora. Eu esperava, dentro da ingenuidade que é cabida aos filósofos, que a Copa fosse usada para recuperar o Rio de Janeiro. Mas tudo saiu como Romário disse que ocorreria: roubalheira e distanciamento entre o que se faz para a população em geral, em termos de serviço social necessário, e o que se faz para a Fifa, para uma festa que só vai beneficiar alguns poucos, inclusive fora do Brasil.
© 2014 Paulo Ghiraldelli, filósofo
Obs: Ronaldo e Neymar cobraram 50 mil reais cada tuitada respondendo às tuitadas da Dilma, falando da Copa. E aí, você gosta de pagar isso?