Como é difícil aprender!
Neivo Zago
“A vida sempre nos ensina, mas nem sempre a gente aprende” (Gilberto Von HügelLisboa)
É normalmente no contexto ensino-aprendizagem que os termos ensinar e aprender são usados com bastante frequência. A dupla apenas se coaduna quando na, nem sempre fácil relação docente-discente, o processo de ensinar e aprender apresenta bom resultado.
Como o lide acima assevera a vida nos apresenta ensinamentos em suas mais diversas oportunidades. Não é à toa que uma expressão de veiculação compartilhada diz que “a vida é uma escola”. A escola da vida nos ensina lições às vezes mais práticas do que a instituição tradicional que discorre bastante com as teorias. Em assim pensando me vem em mente o que costuma dizer um pedreiro amigo de parcimoniosa formação escolar: “Mais vale a prática do que a gramática”. E o seu serviço qualificado na construção de casas ratifica a sua frase.
É tão verdadeiro o conteúdo da afirmação acima que apesar da vida nos ensinar constantemente nem sempre aprendemos; isto é compreendemos a teoria, nos convencemos da sua veracidade, mas nos omitimos de fazer a lição de casa, ou quando não, esquecemos logo ou voltamos a cometer os mesmos equívocos. São vários os exemplos a ilustrar como é difícil assimilarmos as lições que a vida nos apresenta.
Talvez seja o trânsito o fato contundente. Estamos fartos de saber as causas dos excessivos acidentes e mesmo assim eles continuam a acontecer em números alarmantes. Sabemos, mas não aprendemos que a solução tem a ver muito com a nossa mudança de atitude.
O futebol (já foi a minha predileção), também se presta para ratificar que a lição de jogo ganho na véspera já surpreendeu muitas equipes consideradas favoritas. Apenas dois exemplos provam como o ufanismo, o já ganhou por antecipação ainda continua a permear certas decisões.
Há anos o Internacional tido como favorito no mundial de clubes foi surpreendido pelo desconhecido Mazembe. Mais recentemente o Atlético mineiro caiu na mesma armadilha ao não valorizar o confronto contra uma equipe aparentemente menos qualificada. Resultado. Amargou uma contundente derrota. Algumas seleções brasileiras de futebol também poderiam ser citadas para ilustrar e confirmar que também nesse campo também não aprendemos.
Mas, é na vida cotidiana que os fatos provam como é difícil aprender. Apesar das aulas diuturnas que a vida nos dá, não a dos bancos escolares, mas à distância, em diferentes contextos comprovam como somos vulneráveis à aprendizagem. Frequentemente nós incorremos os mesmos erros em reiteradas e até pequenas ações que fazemos no dia a dia. Por exemplo, já disse alguém que uma pessoa deveria construir três casas na vida. A primeira teria defeitos, a segunda, também, mas em menor quantidade e a terceira seria perfeita. Ledo engano. Esta última continuaria a ter problemas e, assim aconteceria com a quarta, e com outras.
O mesmo vale em relação à escrita. Não basta simplesmente dominar a teoria sobre as propriedades de um texto. Exige muito mais do que isso. Escrever um bom ensaio demanda muito mais do que imaginação. Exige muita insistência, transpiração e prática. Seguidamente somos surpreendidos com certos escritos assinados por certos docentes insipientes no assunto que põem em xeque a sua capacidade. Poderiam se furtar da incômoda situação de se exporem aos leitores, mesmo aos até aos pouco criteriosos e não acostumados a avaliar um texto com a devida acuidade. É difícil ter que se submeter a ler verdadeiros rascunhos sobre ensino-aprendizagem, sobre a importância de “ser professor” e afins; textos pobres em vários aspectos e com excesso de prolixidade, de redundância e o pior, pouco ou nada de novo acrescentam. São por estas e outras razões que o título acima parece fazer sentido. Como é difícil aprender! E, por extensão poder-se-ia pensar em: Como é difícil ensinar! Não faz sentido um professor que ensina a ler, se ele próprio não lê; ensina a escrever se não escreve. Que o ano novo já em curso, mas ainda no seu limiar nos proporcione experiências de vida; Que a vida continue a nos ensinar e que possamos aprender, indistintamente: docentes, discentes e leigos.
P.S.: Foi um privilégio poder participar da abertura da festas Di Bacco na bela propriedade do Sr. Domingos Dariva. De vez em quando ouço feedback de certos leitores. Os mais recentes oriundos do Tuca (Neuhaus = apicultor) e do Girelli (Cotrel) que também estiveram no evento antes referido. A eles e a você, leitor silencioso, o meu apreço.