"A chamada Operação Kilowatt acabou tocando num dos problemas crônicos da rede estadual de ensino, que é a administração irresponsável", afirma jornal

A chamada Operação Kilowatt, deflagrada pela Polícia Civil gaúcha para apurar irregularidades em contratos públicos de reformas de Escolas, acabou tocando num dos problemas crônicos da rede estadual de Ensino, que é a administração irresponsável. Só mesmo o desleixo e a falta de fiscalização explicam tantas reformas malfeitas, com uso de material de baixa qualidade e prejuízo irreparável para a aprendizagem dos Alunos. Há casos em que instalações Escolares importantes, como laboratórios, deixam de ser utilizadas por oferecer risco à segurança dos usuários.

As fraudes denunciadas são mesmo caso de polícia, e assim devem ser tratadas. Mas muitos dos problemas existentes nas Escolas públicas podem ser resolvidos de forma menos traumática. Basta, para isso, que os administradores deixem de ser tolerantes com prestadores de serviços desonestos ou incompetentes e denunciem tudo que for feito errado. Compete aos diretores, especialmente, pressionar o governo pelo atendimento de suas demandas, buscar o apoio da comunidade e, quando necessário, tornar públicas suas necessidades.

Claro que tais atitudes implicam riscos. O diretor do Colégio Julio de Castilhos está respondendo a uma sindicância aberta pela Secretaria de Educação porque deu visibilidade a problemas crônicos da sua Escola. Ao fazê-lo, porém, demonstrou que é um administrador comprometido com a transparência e com a busca de soluções. É o que se espera, também, de diretores responsáveis pelas Escolas em más condições e, especialmente, pelas que passaram por reformas malfeitas. Um bom administrador não pode admitir salas de aula com goteiras ou banheiros sem água.

Não deixam de ser fraudes, do ponto de vista gerencial, o desleixo e a falta de coragem para enfrentar os problemas, a burocracia e a incompreensão dos superiores.

Fonte: Zero Hora (RS)