Governo Tarso: a intervenção no Julinho

Governo Tarso: a intervenção no Julinho

Governo Tarso: a intervenção no Julinho é o retrato do desrespeito com a educação pública

Na semana passada, um ato organizado pelo CPERS/Sindicato abraçou simbolicamente a escola Júlio de Castilhos. Trata-se de uma mobilização do movimento social contra a verdadeira intervenção que está sendo patrocinada pela SEDUC na escola. O Julinho é um marco para as lutas no município e no Estado. As grandes mobilizações da história gaúcha tiveram nesta escola um dos locais de organização e resistência estudantil. Recentemente, uma reportagem apresentada pelo jornal Zero Hora mostrou o cotidiano de quatro estudantes durante o ano letivo. Falta de professores, aulas sendo ministradas concomitantemente para três turmas, algumas vezes período reduzido, etc. Ou seja, as conseqüências da falta de investimentos na educação pública. A matéria foi sobre a escola Júlio de Castilhos, mas poderia ter registrado o cotidiano da maioria das escolas do Rio Grande do Sul. Qual foi a política do governo Tarso a respeito? Realizar uma intervenção na escola. E a resposta do secretário José Clóvis? Problema de gestão no Julinho e abra-se a caça às bruxas. Montaram uma sindicância em que o CPERS foi proibido de acompanhar as oitivas tentando criminalizar a comunidade escolar e o diretor Antônio Esperança, que denunciaram a situação precária que se encontrava a escola..

Logo o Estado que sequer paga o Piso do Magistério aos educadores e não garante a aplicação dos 35% do Orçamento Estadual para a educação. Seria cômico se não fosse trágico. O governo Tarso já havia tentado desmontar a Gestão Democrática nas escolas através de um projeto de lei enviado junto ao PacoTarso (que, além disso, previa o calote nas Requisições de Pequeno Valor (RPV) e abria margem para a privatização de parte do Banrisul). Porém, diante das mobilizações e questionamentos, tais projetos foram retirados do regime de urgência. Infelizmente, pelas beiradas, o governo continua tentando atacar a democracia nas escolas, criando sindicâncias e intervenções para diminuir os questionamentos e críticas ao Politécnico. Todos sabemos das críticas realizadas pela comunidade do Julinho ao método e a forma desta Reforma do Ensino Médio, que além de imposta às escolas, distancia mais os filhos dos trabalhadores do acesso às Universidades, ao retirar carga horária das disciplinas básicas para o ingresso no ensino superior.

Já em relação à Operação Kilowatt, que identificou uma quadrilha que superfaturava obras públicas, basicamente em escolas, a posição do governo Tarso foi bem diferente. Já na primeira coletiva defendeu o PTB e a manutenção do secretário de Obras, Luiz Carlos Busato, que em última análise é o responsável pela execução e fiscalização da obras públicas. Dois servidores do PTB foram afastados em meio à lama de corrupção, mas o governo diz que nada tem relação com o partido. Ora, o PTB é partido de Roberto Jefferson, de Collor, do comando da Procempa e da Secretaria Municipal da Saúde, quando essas duas pastas foram saqueadas por quadrilhas. Em nome da pretensa governabilidade e das alianças espúrias eleitorais, mantém o PTB e seus agentes no centro de governo. Na verdade, esta governabilidade é paga pelo povo, paga com a falta de investimentos nas escolas, na saúde pública, na cultura, na roubalheira. E quando os movimentos sociais reclamam do sucateamento e suas consequências e desnudam a situação aos olhos do povo, tentam criminalizá-los. Logo os que já são vítimas desta política nefasta. O caso do Julinho é mais um triste capítulo da criminalização dos movimentos sociais promovidos pelo governo Tarso. Assim como no levante de junho de 2013, que mostramos nossa força ao ocupar as ruas do país, será necessária muita mobilização para evitar o aprofundamento das intervenções nas escolas do nosso Rio Grande do Sul.

Fernanda Melchionna é vereadora pelo PSOL em Porto Alegre

http://www.sul21.com.br/jornal/governo-tarso-intervencao-julinho-e-o-retrato-desrespeito-com-educacao-publica/

 




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