O Ensino Médio: mudança irreversível

O Ensino Médio: mudança irreversível

As resistências são normais. Mas elas são mais evidentes em núcleos ideológicos conhecidos

JOSE CLOVIS DE AZEVEDO*

No dia 21 de dezembro, o jornal Zero Hora publicou uma extensa reportagem que avalia o funcionamento do Ensino Médio em uma das turmas do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o tradicional Julinho. Na ocasião, procurado pelo veículo de comunicação, declarei que a grave situação da escola consiste em um caso isolado em que está em questão o compromisso com a gestão pública. Várias interpretações sobre a minha declaração foram divulgadas a partir de então.

A expressão “caso isolado” refere-se aos indícios revelados pela reportagem de que os alunos do Julinho não tiveram assegurados os 200 dias letivos e as 1 mil horas/aula conforme a legislação; que a reposição dos dias paralisados não foi feita conforme as exigências legais; e que a mudança curricular orientada pelas diretrizes do Conselho Nacional de Educação não foi sequer implantada na escola, tendo, inclusive, a escola se negado a aderir ao projeto do Ensino Médio Inovador do MEC, deixando de receber R$ 100 mil para aplicar em benefício dos alunos. Isso se configura como uma situação de singular gravidade. Não vi a manifestação do coordenador do Grêmio do Julinho sobre esses prejuízos aos seus colegas.

Outra coisa é a análise das contradições, dos avanços e dificuldades na implantação das mudanças do Ensino Médio. Este é um processo em andamento que visa justamente superar os fatores que levaram a Educação gaúcha a uma curva descendente nas últimas décadas. É importante ressaltar que das mais de 1.060 escolas de Ensino Médio, a ampla maioria está fazendo um grande esforço para que as mudanças se efetivem. As resistências são normais num processo de mudanças. Mas elas são mais evidentes em núcleos ideológicos conhecidos, desde a autodenominada “esquerda radical” até o conservadorismo tradicional, ambos convergindo na defesa da classificação, da seleção e da manutenção da expulsão de um terço dos jovens pela não aprendizagem.

Em 2011 encontramos uma rede sucateada com mais de mil processos de obras emergenciais parados, alguns com data de 2003. Encontramos um currículo que não dialogava com as necessidades e a realidade da juventude do século 21, especialmente no Ensino Médio. A partir deste diagnóstico iniciamos um processo de reversão dos problemas historicamente acumulados. Os investimentos em formação em serviço de professores somam aproximadamente R$ 50 milhões em três anos; foram já distribuídos para alunos e professores 100 mil computadores e realizadas mais de 1,8 mil obras em escolas com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões. São ações concretas de um novo momento da Educação estadual. Em três anos investimos mais do que nos oito anos que nos antecederam e retomamos uma curva ascendente na educação estadual gaúcha.

* Secretário estadual da Educação

http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2014/01/02/artigo-o-ensino-medio-mudanca-irreversivel/?topo=13%2C1%2C1%2C%2C%2C13#.UsUneWcp56I.facebook


 

Esclarecimento com relação ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos

A reestruturação curricular do Ensino Médio instituída em 2012 nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul é uma política de Estado alinhada às diretrizes curriculares do Conselho Nacional de Educação (CNE). Trata-se de um processo irreversível – que começa a se estruturar em âmbito nacional em bases muito semelhantes às da rede estadual gaúcha –, considerado por nós, gestores da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), necessário para a adequação dessa modalidade de Ensino aos interesses dos jovens do século XXI. 

No dia 21 de dezembro, o Jornal Zero Hora publicou uma extensa reportagem que avalia o funcionamento do Ensino Médio em uma das turmas do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o tradicional Julinho. Na ocasião, procurado pelo veículo de comunicação, o titular da Seduc, Jose Clovis de Azevedo, declarou que a grave situação da escola consiste em um caso isolado de gestão problemática. Várias interpretações da declaração do secretário de Educação do Estado foram divulgadas a partir de então. 

Por isso, dirigimo-nos à comunidade escolar, à imprensa e àqueles interessados no tema neste momento. Como gestores, temos consciência de que o processo de implantação do Ensino Médio Politécnico enfrenta resistências em algumas escolas da rede. Ressaltamos: a resistência existe em algumas escolas em um universo formado por mais de 1.060 escolas que mantêm turmas de Ensino Médio. Nesses casos, a Seduc, por meio de equipe do Departamento Pedagógico, tem acompanhado o processo de implantação do novo currículo de forma mais próxima, auxiliando equipes diretivas, professores e estudantes quando a medida se faz necessária. O debate qualificado tem contribuído para o aprofundamento da compreensão da proposta, ampliando a adesão e o compromisso de educadores e educandos. 

O caso do Julinho, no entanto, transcende à resistência por si só.  Ali, se cristaliza, ao que tudo indica, um caso onde está em questão o compromisso com a boa gestão pública. A Secretaria não tem conhecimento de outra escola, em todo o Rio Grande do Sul, onde as deficiências diretivas sejam determinantes, configurando empecilho para a implantação do Ensino Médio Politécnico. 

Cumpre também reconhecer o compromisso ético da maioria dos educadores que têm respondido positivamente aos estímulos da política educacional no que se refere ao aperfeiçoamento intelectual e técnico, participando em cursos de formação e não medindo esforços para a implantação da pesquisa como ação inerente ao ato de ensinar. 

Sabemos que as mudanças educacionais não surtem efeitos em curto prazo, mas já temos sintomas de melhorias através de alguns resultados. Em 2011, no Enem, a Rede Estadual do Rio Grande do Sul ficou em terceiro lugar entre seus pares. Em 2012, ascendeu para o segundo lugar. Na investigação do PISA, a rede ficou em terceiro lugar no Brasil com média superior à brasileira. No último IDEB os alunos da Rede Estadual do Rio Grande do Sul tiveram o melhor desempenho em matemática no Ensino Médio e o segundo lugar em língua portuguesa. 

Reiteramos: a oferta de uma educação de qualidade para os mais de um milhão de alunos da rede estadual é uma prioridade da Seduc nesta gestão. Temos trabalhado em todas as frentes para que isso ocorra – desde a reestruturação curricular até a recuperação física das escolas, passando peIa retomada de melhores condições de trabalho e salários para professores e funcionários, realização de concursos públicos e modernização tecnológica da rede. Nossa ação também busca a melhoria da gestão das escolas, com a modernização das leis que regulamentam o tema. 

Estamos retomando uma curva ascendente na educação estadual, depois de encontrar uma rede sucateada, com as escolas necessitando de “intervenções emergenciais” há anos, com currículo distante da realidade dos alunos, especialmente no Ensino Médio.  Iniciamos um processo de reversão de problemas historicamente acumulados. As mudanças em educação não se fazem presentes em curto prazo. Os investimentos em formação em serviço de professores, que somam aproximadamente R$ 50 milhões em três anos, a distribuição de 100 mil computadores para alunos e professores, a reforma de mais de 1.800 escolas, com investimento de mais de R$ 300 milhões, são ações concretas do novo momento da educação da rede estadual. Em três anos, a atual gestão investiu mais do que nos oito anos que a antecederam.

http://www.educacao.rs.gov.br/pse/html/noticias_det.jsp?ID=13244




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