Valorizar o professor

Valorizar o professor

Valorizar o professor, o que quer dizer com isso?

LEONI KOCH

Um olhar mais atento para as imagens do professor na mídia não deixa de captar um flagrante: docentes são retratados como heróis, sofredores, vocacionados, vítimas, salvadores- histórias de professoras que conseguem inovar suas práticas e fazer seus alunos aprenderem, apesar de todas as dificuldades que enfrentam na estrutura escolar e em sua própria vida.

As imagens que nos acostumamos a ver negam ao professor sua condição de profissional, que deve ser tratado e valorizado como tal. E, curiosamente, não são poucos os clamores pela urgente “valorização do professor” como solução para os gargalos educacionais, pelo contrário,  parece ser um consenso. Como defende Fernanda Campagnucci, do Observatório da Educação: “O problema é que essa expressão surge esvaziada de sentido e não traz ao debate elementos para discutir o que, de fato, significa valorização: trata-se de um discurso vazio”.

Em nome da urgente “valorização dos professores”, acaba-se por reforçar  a culpabilização dos profissionais da educação sobre o mau desempenho dos sistemas educacionais em avaliações externas e a abnegação e sacrifícios. Desde a formação inicial do Curso de Magistério o que se aprende é que ser professor é também um sacerdócio. A frase pronta é antiga e persiste como retórica. O resultado é a dificuldade de atrair candidatos a cursos de nível médio ou superior voltados à docência. O ganhos não são atrativos e não há expectativa de mudanças estruturais para que mude o cenário vivido pela classe ao longo de mais de três décadas. 

O desalento do CPERS alerta a sociedade para o risco iminente da sucessão. Profissionais estão adoecendo e a classe está envelhecida. Novos professores chegam sem a formação pedagógica de Magistério propriamente dita e os efeitos colaterais são  desanimadores quando trata-se de qualificar a educação. Como propaganda de governo em guerra, virou cotidiano “estímulos” exemplificando que o bom educador passa por cima de currículos ruins, supera a falta de infraestrutura, enfrenta a indisciplina e abre oportunidades de vida melhor para seus discípulos. 

As expectativas são altas, mas não são dados caminhos para a sua concretização. Nesta cruzada de discursos falta a voz dos professores silenciados e silenciosos diante do quadro de desvalorização.

LEONI KOCH é editora do jornal Folha Espumosense, de Espumoso/RS

http://www.cpers.org.br/index.php?&cd_artigo=474&menu=36




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