Cpers defende reestudo do politécnico
Prof Gleci: diretora do Cpers/Sindicato e seu nariz de palhaço contra o politécnico
Com nariz de palhaço no rosto, a diretora do 4º Núcleo do Cpers/Sindicato, Gleci Hoffmann, participou do protesto dos estudantes nesta quinta-feira. Ela negou que a entidade e os professores estejam boicotando o novo modelo de ensino médio, mas admitiu que não há condições do sistema funcionar do jeito que se encontra a escola pública gaúcha.
Gleci defendeu uma reavaliação completa das leis e normas que regulamentam o politécnico e explicou que os governos deveriam primeiro melhorar as condições infraestruturais da educação antes de implantar de maneira vertical um novo modelo de ensino. “Muitos colegas que me rechaçaram das escolas quando alertei sobre os contratempos do politécnico agora recorrem ao Cpers/Sindicato para dizerem que não suportam mais a situação crítica que se estabeleceu nas escolas”, relatou Gleci.
NÃO É RUIM - A dirigente do Cpers reconheceu que a proposta não é ruim, pois procura aliar conhecimento de sala de aula à prática de vida dos alunos, porém as escolas não têm condições de assegurar o suporte necessário para que o novo modelo dê os resultados esperados, completou a diretora do Cpers. “É preciso reavaliar com urgência o que foi feito, antes que as consequências sejam ainda mais nefastas para o sistema de ensino público”, alertou Gleci.
PARA ENTENDER MELHOR
Áreas de conhecimento
Linguagens e suas tecnologias Envolve as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Espanhola, Língua Inglesa, Ensino Religioso (facultativo), Educação Física, Educação Artística, Redação e Literatura
Matemática e suas tecnologias É a área da lógica, na qual ficou a Matemática
Ciências humanas e suas tecnologias Geografia, História, Filosofia e Sociologia
Ciências da natureza e suas tecnologias Reúne as disciplinas de Química, Biologia e Física
Eixos temáticos do novo modelo de ensino Acompanhamento pedagógico Meio ambiente Esporte e lazer Direitos humanos Cultura e artes Cultura digital Prevenção e promoção da saúde Comunicação e uso de mídias Investigação no campo das ciências da natureza
Manifestação desce a Rua Saldanha Marinho em direção à 24ª: estudantes querem o fim do
ensino politécnico nas escolas
Estudantes pedem fim do politécnico
24ª CRE garante que modelo é bom, mas concorda em discutir a aplicação da proposta
Estudantes das maiores escolas estaduais de Cachoeira do Sul foram às ruas ontem para protestar contra a implantação do ensino politécnico, que há um ano e meio modificou a rotina nas salas de aula. A manifestação iniciou na Cinco Esquinas, percorreu as ruas centrais da cidade e rumou para a sede da 24ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), onde os estudantes foram recebidos pela coordenadora-adjunta Fernanda Schütz Carvalho e integrantes do setor pedagógico.
Durante a conversa, Fernanda explicou aos líderes da manifestação os objetivos dos seminários integrados, espaços em que as escolas devem priorizar a pesquisa, estimulando o aluno a colocar em prática o conhecimento trabalhado nas mais diversas disciplinas. “Antes do politécnico, os conteúdos eram ministrados isoladamente em cada área do conhecimento. Agora, o que se pretende é integrar essas práticas, estimulando os estudantes a pesquisarem e darem sentido para aquilo que aprendem na escola”, resumiu a coordenadora-adjunta.
Os líderes da manifestação concordaram que os propósitos do novo modelo são interessantes, mas disseram que as escolas não têm estrutura e que os professores não estão devidamente preparados para atuar no politécnico. No final da conversa, CRE e estudantes fecharam consenso em torno da proposta de promover uma ampla discussão nas escolas sobre o novo modelo de ensino para o ensino médio. Isso será feito após o término da greve dos professores, que completou nesta quinta-feira quatro dias de duração.
SUPORTE -
A CRE garantiu que está preparada para dar suporte ao novo modelo de ensino adotado em todo o país, onde os protestos também são frequentes. A equipe pedagógica da coordenadoria tem visitado as escolas onde o novo sistema foi implantado e defende o ensino politécnico. O politécnico está sendo adotado gradativamente. Ao chegar ao terceiro ano do ensino médio o estudante terá 75% da carga horária destinada à pesquisa. "Os seminários integrados, previstos no politécnico, visam integrar o estudo das disciplinas", destacou a coordenadora-adjunta de Educação.
Uma das principais preocupações dos estudantes é quanto ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pois eles entendem que o politécnico não os prepara para as provas que dão acesso à maioria das universidades públicas do país. A coordenadora-adjunta declarou, no entanto, que estimular a pesquisa, conforme o novo modelo, leva os alunos a assimilarem os conteúdos que serão cobrados durante o Enem e outros sistemas de ingresso ao ensino superior.
UMA PERGUNTA PARA
Coordenadora-adjunta de Educação, Fernanda Schütz
O que é o seminário integrado? O seminário integrado é um tempo/espaço reservado para que os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento sejam colocados em prática através de projetos vivenciais e pesquisas. Em cada escola há professores com formação continuada mensal para orientar os alunos em seus trabalhos. Ela explicou que o seminário integrado não “roubou” as horas das demais disciplinas, tendo em vista que houve um acréscimo de 600 horas na carga horária total do ensino médio (200 horas a mais a cada ano letivo) para contemplar a inclusão do seminário integrado no currículo escolar. Antes o ensino médio tinha 2.400 horas de duração, sendo 800 horas anuais. Agora, são 3 mil horas no total e mil horas anuais.
“Falta estrutura nas escolas”
Laura: politécnico trouxe mais problemas do que soluções para o ensino
Marilise: há problemas com novo modelo de ensino no João Neves
Gabriel: nova proposta de ensino foi colocada goela abaixo nas escolas
Durante o encontro com dirigentes da 24ª CRE, estudantes da rede estadual disseram que os estabelecimentos de ensino não têm estrutura adequada para receberem o modelo politécnico. O sistema exige mais de um turno letivo diário, afirmam os alunos, especialmente os que estudam à noite e trabalham durante o dia.
“Da maneira como foi adotado, o politécnico está prejudicando ao invés de favorecer os estudantes”, disse a aluna Laura Costa, 16 anos, do segundo ano do ensino médio da Escola Liberato Salzano. O presidente do grêmio do estabelecimento de ensino, Adam Almeida, 15 anos, disse que os estudantes querem o retorno do antigo modelo de ensino.
Na Escola Estadual Antônio Vicente da Fontoura o politécnico também encontra resistência, pois não há estrutura e nem professores preparados para colocá-lo em prática, relatou a estudante Graziela Cruz, 17 anos, que está no primeiro ano do ensino médio. Marilise Moraes, 16 anos, do Instituto João Neves da Fontoura, concorda que é importante estimular a pesquisa no ensino médio, mas salientou que o novo modelo foi mal implantado.
ESTUDOS
A estudante Katicyliane Rotili, 15 anos, da Escola Estadual Borges de Medeiros, disse que os professores estão perdidos em relação ao ensino politécnico e que os estudantes estão sendo prejudicados nos estudos. Já o aluno Gabriel Luiz, 17 anos, reconheceu que a escola com qualidade ainda não saiu do plano dos sonhos dos estudantes e reitera que da maneira como foi implantado, o politécnico não é o caminho para isso.
A estudante Clara Luciele Santos da Silveira, 15 anos, do ensino médio da Escola Borges de Medeiros, disse que é contra o ensino politécnico. Ela disse que o novo modelo não ajuda na formação do aluno e apresenta falhas devido à falta de condições das escolas, que não foram preparadas para as mudanças. “Tudo foi colocado goela abaixo”, se queixou a estudante.
POR DENTRO
O que é ensino médio politécnico?
É o ensino médio que, vinculado à realidade social e ao desenvolvimento científico-tecnológico, integra as áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas). Na prática, o estudante terá, além das aulas dos componentes curriculares do ensino médio, o desenvolvimento de projetos com atividades práticas e vivências relacionadas com a vida, com o mundo e com o mundo do trabalho. Contudo, isso não implicará na extinção das disciplinas, que serão fortalecidas no diálogo interdisciplinar.
O que é educação profissional integrada ao ensino médio?
É um curso profissionalizante, previsto na LDB desde 2008. Será ofertado nas escolas técnicas. Na prática, é a integração dos cursos médio politécnico e técnico, gerando a integração da educação geral e técnica, do pensar e fazer, da teoria e da prática. Ao final, o estudante terá um certificado de curso técnico de nível médio.
Alunos da Escola Borges protestam pelo fim do ensino politécnico
Estudantes foram até a 24ª Coordenadoria Regional de Educação pedir o fim do modelo de ensino
Alunos da Borges: caminhada pelas ruas até a 24ª CRE
Estudantes da turma 201 da Escola Estadual Borges de Medeiros caminharam nesta manhã pelas ruas de Cachoeira do Sul em protesto contra o ensino politécnico. Com cartazes, apitos e narizes de palhaço, os estudantes foram até a 24ª Coordenadoria Regional de Educação para entregar um documento de apoio aos educadores. "Apoiamos nossos professores. Estamos com eles, juntos, para cobrar do governo condições dignas para que os estudantes possam aprender e os educadores possam ensinar", diz o documento.
Os estudantes alegam que o ensino politécnico, instituído no ano passado, é prejudicial em termos de conteúdo. Os alunos reclamam que as cargas horárias para os professores participarem de seminários acabam diminuindo os conteúdos que serão cobrados em vestibulares, Enem e concursos. Os estudantes querem o apoio da 24ª CRE pelo fim do politécnico.
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