E agora, José??

E agora, José??

CONTRAPONTO ÀS MANIFESTAÇÕES DA SEC SOBRE A GREVE

Solange Schmidt

O Secretário de Educação RS disse à imprensa: “Em entrevista coletiva após a decisão dos professores, o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, disse que no momento o governo investe alto na educação e está surpreso com a decisão pela paralisação.”

Entendo que quem deveria estar surpreendido com as declarações do Secretário são os professores que o conhecem de longa data (eu o conheço desde o final dos anos 70), sempre articulando mobilizações e greves para situações idênticas a estas, sendo de sua autoria uma frase “GREVE ATÉ A VITÓRIA” que marcou a maior greve do estado nos anos 80/90, e também o maior acampamento feito na Praça da Matriz –POA -, através de estratégia muito bem arquitetada, quando o magistério permaneceu acampado por mais de 90 dias (Vejam foto abaixo).

E agora, José?? 
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CONTRAPONTO ÀS MANIFESTAÇÕES DA SEC SOBRE A GREVE
Solange Schmidt – Professora Aposentada – Passo Fundo RS

O Secretário de Educação RS disse à imprensa: “Em entrevista coletiva após a decisão dos professores, o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, disse que no momento o governo investe alto na educação e está surpreso com a decisão pela paralisação.” Entendo que quem deveria estar surpreendido com as declarações do Secretário são os professores que o conhecem de longa data (eu o conheço desde o final dos anos 70), sempre articulando mobilizações e greves para situações idênticas a estas, sendo de sua autoria uma frase “GREVE ATÉ A VITÓRIA” que marcou a maior greve do estado nos anos 80/90, e também o maior acampamento feito na Praça da Matriz –POA -, através de estratégia muito bem arquitetada, quando o magistério permaneceu acampado por mais de 90 dias (Vejam fotos abaixo). José Clóvis falou em proporcionar “mesas de negociação”, no entanto, outras tantas houve e foram infrutíferas, porque nada se concretizou. Tudo ficou sempre na gaveta das “promessas”. Diz que o governo investiu grandes valores nas escolas, mas isso só aparece como obrigação do governo na manutenção, mesmo assim, a maioria das escolas só tem notícias desses investimentos nos noticiários, pois lá, onde é necessário, nada aparece. Diz ele, em tom de ameaça, que os “professores [...] terão de raciocinar” e “que tudo irá dificultar o processo de promoções, já que só terão desvantagens e prejuízos.” e ainda “Quem parar, fica fora.” Como bem dizia Paulo Freire “[...] quando o oprimido vira opressor, as consequências são mais graves, pois isso acaba frustrando os sonhadores, aqueles que tanto almejam uma sociedade mais igualitária, com menos mesquinhez, mais méritos próprios, menos favores de 'padrinhos' etc. Chegamos a pensar que não há representantes sérios, mas míseros demagogos tirando proveito de nossos anseios.” É exatamente este o papel que o secretário está fazendo ao sugerir aos pais dos alunos que levem seus filhos à escola na segunda-feira e PRESSIONEM as direções para que as aulas não sejam interrompidas.” Os pais dos alunos e os próprios alunos conhecem mais do que o governo a situação dos professores e das escolas, principalmente depois da implantação do frustrado, prejudicial e indesejável POLITÉCNICO. A secretária-adjunta da SEC, Maria Eulália Nascimento, que sempre foi grevista desatinada, “afirma que as tratativas foram conduzidas desde o primeiro dia com transparência, e o poder público não se furtou a nenhuma questão.” Dê exemplo, professora Eulália, FALE A VERDADE, quando foi que o governo cumpriu a lei do Piso Salarial? Eulália calcula, ainda, que “A votação da assembleia ficou em 60% a favor da greve, o que demonstra uma opinião dividida da categoria. “A paralisação tem chance quase zero de conseguir avanço”. Faça as contas corretamente, Eulália, 60% é a certeza que a greve há de alcançar a maioria. O avanço zero é o que Eulália e Zé Clovis desejam. Os professores, pais e alunos são mais inteligentes do que pensas e são livres para decidir o que farão. Os pontos reivindicados são para o governo como um todo, Eulália, mas o dever da SEC é encaminha-los. Sua fala a esse respeito só justifica a sua própria ignobidez. Quanto ao corte do ponto, o governo do PT sempre usou desse tratamento de choque, desconhecendo a legislação em vigor (CF). Exemplifico com o despacho da justiça do Rio de Janeiro, exarado exatamente um dia antes (22/08/2013) da deflagração da greve no RS: “Justiça suspende corte de pontos para professores em greve da rede estadual do RJ - RIO - A 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio concedeu nesta quinta-feira (22) liminar suspendendo o corte de pontos dos professores em greve da rede estadual de ensino. De acordo com a decisão proferida pela desembargadora Claudia Pires dos Santos Ferreira, é cabível o mandado de segurança impetrado pelo Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio (SEPE-RJ), pois a paralisação obedeceu a todos os requisitos legais.” Outra questão comprobatória da imposição e da intransigência do governo é a afirmação de que houve, segundo o Secretário, “o rompimento da negociação com o governo”. Então pergunto, como isso se rompeu se ainda nem começou? Calma, Secretário, desarme-me de tantas ameaças. Lembre-se de suas propostas para abrir ou reabrir o diálogo quando eras membro dos comandos de greves (lembro estavas em todas), seu papel agora é facilitar, não complicar. Aos colegas deixo a minha mensagem de coragem, de fortalecimento, de UNIDADE, em torno de uma luta que só pede justiça. Colegas Professoras e funcionárias não tomem como exemplo as mulheres de Atenas que: “Quando fustigadas não choram. Se ajoelham, pedem imploram, mais duras penas; cadenas” (Chico Buarque); vale para tod@s, mas deixo aos colegas professores e funcionários uma mensagem de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos

 
José Clóvis falou em proporcionar “mesas de negociação”, no entanto, outras tantas houve e foram infrutíferas, porque nada se concretizou. Tudo ficou sempre na gaveta das “promessas”. Diz que o governo investiu grandes valores nas escolas, mas isso só aparece como obrigação do governo na manutenção, mesmo assim, a maioria das escolas só tem notícias desses investimentos nos noticiários, pois lá, onde é necessário, nada aparece.

Diz ele, em tom de ameaça, que os “professores [...] terão de raciocinar” e “que tudo irá dificultar o processo de promoções, já que só terão desvantagens e prejuízos.” e ainda “Quem parar, fica fora.” Como bem dizia Paulo Freire “[...] quando o oprimido vira opressor, as consequências são mais graves, pois isso acaba frustrando os sonhadores, aqueles que tanto almejam uma sociedade mais igualitária, com menos mesquinhez, mais méritos próprios, menos favores de 'padrinhos' etc.

Chegamos a pensar que não há representantes sérios, mas míseros demagogos tirando proveito de nossos anseios.” É exatamente este o papel que o secretário está fazendo ao sugerir aos pais dos alunos que levem seus filhos à escola na segunda-feira e PRESSIONEM as direções para que as aulas não sejam interrompidas.”

Os pais dos alunos e os próprios alunos conhecem mais do que o governo a situação dos professores e das escolas, principalmente depois da implantação do frustrado, prejudicial e indesejável POLITÉCNICO.

A secretária-adjunta da SEC, Maria Eulália Nascimento, que sempre foi grevista desatinada, “afirma que as tratativas foram conduzidas desde o primeiro dia com transparência, e o poder público não se furtou a nenhuma questão.” Dê exemplo, professora Eulália, FALE A VERDADE, quando foi que o governo cumpriu a lei do Piso Salarial?

Eulália calcula, ainda, que “A votação da assembleia ficou em 60% a favor da greve, o que demonstra uma opinião dividida da categoria. “A paralisação tem chance quase zero de conseguir avanço”. Faça as contas corretamente, Eulália, 60% é a certeza que a greve há de alcançar a maioria. O avanço zero é o que Eulália e Zé Clovis desejam.

Os professores, pais e alunos são mais inteligentes do que pensas e são livres para decidir o que farão. Os pontos reivindicados são para o governo como um todo, Eulália, mas o dever da SEC é encaminha-los. Sua fala a esse respeito só justifica a sua própria ignobidez.

Quanto ao corte do ponto, o governo do PT sempre usou desse tratamento de choque, desconhecendo a legislação em vigor (CF). Exemplifico com o despacho da justiça do Rio de Janeiro, exarado exatamente um dia antes (22/08/2013) da deflagração da greve no RS: “Justiça suspende corte de pontos para professores em greve da rede estadual do RJ - RIO - A 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio concedeu nesta quinta-feira (22) liminar suspendendo o corte de pontos dos professores em greve da rede estadual de ensino. De acordo com a decisão proferida pela desembargadora Claudia Pires dos Santos Ferreira, é cabível o mandado de segurança impetrado pelo Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio (SEPE-RJ), pois a paralisação obedeceu a todos os requisitos legais.”

Outra questão comprobatória da imposição e da intransigência do governo é a afirmação de que houve, segundo o Secretário, “o rompimento da negociação com o governo”. Então pergunto, como isso se rompeu se ainda nem começou?

Calma, Secretário, desarme-me de tantas ameaças. Lembre-se de suas propostas para abrir ou reabrir o diálogo quando eras membro dos comandos de greves (lembro estavas em todas), seu papel agora é facilitar, não complicar.

Aos colegas deixo a minha mensagem de coragem, de fortalecimento, de UNIDADE, em torno de uma luta que só pede justiça.

Colegas Professoras e funcionárias não tomem como exemplo as mulheres de Atenas que: “Quando fustigadas não choram. Se ajoelham, pedem imploram, mais duras penas; cadenas” (Chico Buarque);

Vale para tod@s, mas deixo aos colegas professores e funcionários uma mensagem de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".----------------

  • Solange Schmidt – Professora Aposentada – Passo Fundo RS




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