Remar contra a maré
A educação, o Supremo e o fio da navalha
Renato Uchôa
Remar contra a maré. O dilema e o medo de cada um de nós. Em vários momentos da nossa existência. Termos que nos decidir: acompanhar a boiada que trota no momento do clic, a procura dos canais, porque a mídia impõe; ou irmos contra a corrente que escraviza os trabalhadores do campo e da cidade. Há séculos.
Remar contra a corrente que nos açoita nos currais da sobrevivência, cercados de arame farpado. Na apropriação das nossas mentes e corpos. Remar contra qualquer forma de negação de uma educação de qualidade social, no resgate da cultura popular banida dos murros altos das Academias do Saber.
Navegar no rompimento do conteúdo de classe da educação brasileira, das camadas dominantes. Desvelando o caráter autoritário na imposição do seu modo de vida como universal. Contra qualquer forma de discriminação e exclusão. O conta-gotas pingando.
A população brasileira começa a ser informada do que aconteceu nas entranhas mais escuras do Supremo: AP 470, julgamento do mensalão. Atônita e anestesiada, não nos pronto- socorros e hospitais públicos degradantes e desumanos. Péssimas condições físicas e do próprio tratamento médico que descarrega nos pacientes, amontoados como bichos nos corredores da morte. As aviltantes condições de trabalho, não obstante os altos salários.
Se comparados com os trabalhadores em geral. Correndo como um zumbi, não o de Palmares, um dos verdadeiros heróis do povo brasileiro, quer sangue nas avenidas e ruas. O expelido pela grande imprensa que, contraditoriamente, se beneficiou do suposto crime que apregoa; das campanhas patrocinadas com o dinheiro da Visanet. Campanhas legais, realizadas e comprovadas.
O processo de democratização do Brasil, fortalecimento das instituições da sociedade civil, avança paulatinamente. Os movimentos sociais do campo e da cidade precisam se articular, a partidarização é secundária diante da defesa das condições de vida e trabalho, sobretudo contra qualquer tentativa de fascisização de amplas camadas da população. Processo em curso, pela volta do regime autoritário.
E no Supremo Tribunal Federal, para além dos crimes de caixa dois, o real, a vampirização do debate em todo o período de julgamento do mensalão, nos remete mais ainda, no atual estágio, aos tempos dos Tribunais da Santa Inquisição. Ao devido processo legal jogado no aterro sanitário. Que não se esgota com o acórdão, como se faz parecer. Ao acusado, apenas o direito de confessar o crime. Joaquim foi ausente na luta pelo fim da ditadura militar. Inexistem registros de uma palavra contra. Joaquim é deselegante no trato com as autoridades. É truculento, vingativo, produto da educação autoritária das elites. Introjectou a navalha que corta qualquer forma de recorrência preconizada na Constituição: Embargos de Declaração, outros encaminhamentos de defesa, direito de divergir. Rebate violentamente qualquer argumento que provaria os erros induzidos por ele e associados. Pelos vícios cometidos deliberadamente, repudiado por todos os Tribunais Internacionais.
É fato, Joaquim escondeu provas (4 auditorias) e Relatórios da Policia Federal que inocentariam vários acusados. Desprovido de cultura jurídica, afirmam juristas renomados, açoita como um Capitão do Mato, parte do Supremo que não deveria permanecer, vez que assiste passivamente o arremesso da Constituição. Na lata de lixo. Indicado por lula, em um papo de botequim, pede o troco da conta. A conta não bate. Joaquim quer o bar, o bazar , o país inteiro. Nem que passe por cima de todos e de tudo. Resistir é preciso
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