Uma escola não exclui a outra
UMA ESCOLA NÃO EXCLUI OUTRA ESCOLA
Um projeto que começou com as mudanças no Plano Nacional de Educação supõe a inclusão de todos estudantes de 4 a 17 anos na escola comum.
As APAEs de todo Brasil com mais de 55 anos de luta estão se manifestando para não perderem a estrutura especializada que tiveram que adquirir quando ninguém se importava com as pessoas deficientes, e também, porque a inclusão em alguns casos está se mostrando ineficaz.
Alunos especiais necessitam de atendimento especializado, e nas APAEs eles têm isso gratuitamente: aula em pequenos grupos ou individualizada, atendimento de apoio com fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais, serviço social com as famílias, e ainda, alguns até conseguem entrar no mercado de trabalho. Há estudantes que foram incluídos nas escolas públicas e estão retornando à escola especial....
A Escola de Educação Especial Branca de Neve – APAE de Erechim, nunca foi contra a inclusão, ao contrário, os estudantes são avaliados e reavaliados e apresentando condições são encaminhados ao ensino comum. Com a aprovação da Meta 4 no Plano Nacional de Educação os pais e os estudantes perdem a opção de escolher o que desejam, uma vez que obrigaria os pais a matricularem os filhos na escola comum; então onde fica o direito de escolha? E as leis maiores não são respeitadas? O que diz a Constituição Brasileira? O Estatuto da Pessoa com Deficiência?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação? Todas falam de direitos, e quanto à inclusão colocam “preferencialmente na escola regular” e não “obrigatoriamente”. Fala-se tanto em qualidade na educação, e como podemos exigir que um professor saiba trabalhar com deficientes intelectuais, com surdos, cegos e com “normais”.
Aí pergunto: você vai ao cardiologista para realizar um parto? A uma costureira que faz lindas jaquetas de tecido e exige que ela faça uma jaqueta de couro? Eles são obrigados a saber fazer e a terem os instrumentos necessários? Isso sem contar que se preciso de um ortopedista por dor no joelho não vou naquele que é especialista em ombro; cada qual é especialista em uma área.
E, assim, os professores da escola especial são especialistas nas áreas da educação especial, e a APAE possui todos os instrumentos de apoio necessários. Simplesmente colocar um estudante dentro de uma sala de aula comum é incluir? Os estudantes ditos “normais” têm acesso a instrumentos e recursos de que necessitam? Se tivessem não haveria tanta crítica à educação.
Por que terminar com uma escola que é reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação e que está realizando um trabalho com dedicação, competência e amor?
Romi Niederberger