Educadores de ontem
Elmo Dutra da Silveira Filho
Causou-me surpresa um artigo publicado em ZH – “A Pedagogia das Centopéias”. Nesse artigo o educador enfatizava que “os alunos nunca me ensinaram nada”. Estes educadores do ontem, há anos luz dos alunos, do alto de sua cátedra, apenas “fingem” que dão aulas, enquanto seus alunos “fingem” que aprendem.
Certamente estes educadores não vêem o brilho nos olhos dos alunos quando transcendemos no ato docente, já que o que faz o mestre é o amor por ensinar, o respeito pelo aluno, como que se ele fosse uma pipa que procuramos soltar nos melhores ventos, dando linha para voar longe, cuidando as rajadas fortes. Após, soltamos para vôos mais altos, resolutos, céleres e soberanos.
Aristóteles disse que “ninguém é tão sábio que não tenha algo que aprender e tão ignorante que não tenha algo a ensinar”, e eu confesso que aprendo sempre com meus alunos, que trazem consigo a rica bagagem e pluralidade de experiências pessoais.
Difícil ser mestre em um país que não prioriza a educação, vivemos uma realidade educacional caótica e preocupante. Acho que a docência é um tipo de sacerdócio, o qual exige dedicação, apego, amor, orgulho, planejamento, preparação e muita superação.
Professor cria rede de valores, colabora, compartilha, coopera, cria junto, recria, determina parâmetros, é maestro de novos conteúdos. Não precisa só transmitir a informação, que está em qualquer lugar, na ponta dos dedos. Ele guia, orienta, mostra que a descoberta é interessante, propõe a pergunta.
Bons mestres são compreendidos, fazem com que o aluno tenha vontade de enfrentar o mundo. Devem estimular o debate e crítica, mostrar como ter critérios e compreensão, influenciar e formar influenciadores.
O aluno pode aprender sozinho. Hoje ele está conectado, sabe tudo, é seletivo, crítico e independente. A velocidade das mudanças é enorme, e estas ocorrem a cada instante. O mundo gira e nós devemos estar preparados para enfrentar novos paradigmas a cada dia!
A alma das pessoas é habitada por sonhos; de realização, de construir seu próprio futuro. A escola deve ser berçário de inovações e idéias; e os mestres, meros artífices, alfaiates de colchas de retalhos, como que destramando barbantes, entremeados e desordenados, recompondo novelos, tecendo novos modelos, refazendo vida, amor, viver. E parodiando o grande Quintana, “todos estes que ai estão, atravancando meu caminho, todos eles passarão, e eu, passarinho”!
Autoria: Prof. Elmo Dutra da Silveira Filho, Msc
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