Ainda sobre as manifestações
Neivo Zago
Se as pessoas (povo) soubessem o poder que têm quando andam de mãos dadas e os esforços fossem conjugados, todas, ou quase todas as reivindicações seriam contempladas. A quinta-feira, dia 11/7 ficará marcada na história do país como uma data importante bem como inserida na série de tantas manifestações pública em desagravo a diversas medidas equivocadas em várias instâncias.
Parece inquestionável que o grito popular das ruas sensibilizou e ecoou nas estruturas, ortodoxas, outras arcaicas, da política partidária brasileira. Tanto é verdade que certos assuntos de interesse nacional urgente e outros pendentes acabaram recebendo atenção particular e foram votados em regimes especiais. O que não era para ser acabou sendo. Como exemplo ilustra o depoimento do eterno senador Pedro Simon: “a lei da Ficha Limpa não teria passado não fosse o clamor popular” (as mais de um milhão e meio de assinaturas). A partir de agora (como um dos resultados dos protestos), bastam apenas setecentos e cinquenta mil para uma petição popular se transformar em lei.
Nesse sentido, faz-se necessário que os protestos mantenham o fôlego e os seus participantes não esmoreçam, aliás, é esta uma das apostas dos parlamentares corruptos e comprometidos com os seus próprios interesses e de suas corporações. Se todas as reivindicações fossem colocadas em cartazes (como já me referi em artigo anterior), não haveria papel suficiente e nem canetas para contemplar todas, pois há uma gama infinita de irregularidades que mereceriam ser sanadas.
Com referência às passeatas ocorridas na data acima referida nossa cidade fez a sua parte e de diversas formas grupos distintos expressaram os seus anseios e o seu descontentamento. Pena que o número de participantes foi um tanto modesto, pois o momento era para reunir milhares de pessoas, uma vez que são muitos os segmentos da sociedade descontentes com a sua situação. Um bom exemplo foi à aglomeração de aproximadamente quinhentos estudantes no centro da cidade frente à 15ª Coordenadoria de Educação (Castelinho) e que se deslocou após até a Câmara de Vereadores e após desfilando avenida acima. Uma participação tímida, acanhada de professores com apenas algumas dezenas de docentes fortaleceu a caminhada.
Outras classes, também com presença diminuta, dentre as quais os bancários e funcionários dos Correios engrossaram o séquito.
Infelizmente, como sói acontecer nas greves, paralisações e manifestações do gênero apenas uma parcela das categorias reivindicantes se faz presente. Uma significativa parte não milita, prefere o comodismo, ficar no anonimato, mas obviamente quer participar da distribuição dos frutos que eles sequer ajudaram a plantar a semente. Por que mais escolas não pararam a suas atividades? Por que mais professores (muitos resignados) disseram não à sala de aula e um contingente maior de estudantes não foram às ruas para com sua juventude protestar e com suas cordas vocais engrossar o grito dos insatisfeitos?
Se as pessoas (povo) soubessem o poder que têm quando juntam as mãos e os esforços conjugados, todas, ou quase todas as reivindicações seriam contempladas. A propósito, no próximo dia 3 de agosto os aposentados estão se organizando para realizar a sua segunda manifestação tentando, dentre outras reivindicações fazer um ato de desagravo aos seus salários defasados.
Porém, como se diz cada cabeça é uma sentença e faz parte do livre arbítrio de cada cidadão optar por isso ou aquilo, por aderir ou não, queiramos ou não, temos que respeitar. Menos mal que, de modo geral o povo acordou e, acredito em parte por não suportar tantas irregularidades e, também porque a mídia está desempenhando o seu papel de delatora das falcatruas. Neste aspecto o insistente apelo do Iotti (Radiche) em muitas das suas charges: “Reage Zé povinho”, parece ter surtido efeito. Da minha parte, devo confessar que as duas participações (a dos aposentados, no sábado 06/07 e esta em foco) incentivaram o meu lado cidadão, porque se muitas vezes uso este espaço para expor o meu ponto de vista (teoria) estar in loco me aproxima da coerência.