A polêmica progressão continuada

A polêmica progressão continuada

Sistema que surgiu na década de 1960 prevê o combate às repetências excessivas e à evasão escolar A progressão continuada vem sendo motivo de polêmica entre pais, alunos, educadores e gestores escolares.

Alguns dizem que eliminar a repetência é benéfico para o processo de aprendizagem; outros acreditam que a aprovação deveria ser baseada no mérito do aluno: se não aprendeu os conteúdos da série, não deve passar de ano. Como não há consenso, cabe a cada Secretaria da Educação decidir ou não pela progressão continuada.


O Estado de São Paulo, por exemplo, implantou o sistema em toda a rede pública. Já a rede municipal do Rio de Janeiro chegou a adotá-la no Ensino Fundamental, mas voltou atrás, limitando-a aos anos de alfabetização. Mas, afinal, o que muda nas escolas que adotam a progressão continuada?


No Brasil, nas escolas que adotam oficialmente o sistema de ciclos, o que existe na prática é uma mistura entre este modelo e a organização em séries: se, por um lado, não há reprovação durante um período, por outro, o conteúdo e as avaliações ainda são baseados no ano letivo, assim como os livros didáticos, a organização dos professores e do currículo como um todo.


Uma pesquisa, realizada junto a pais e alunos de escolas públicas paulistas, mostrou que a maioria dos pais nem sabia o que era a organização em ciclos: a única diferença que era possível perceber é que, entre determinados anos, não havia reprovação.


Tivemos mais de cem anos de ensino seriado, e isto está muito presente na instituição escola e nas pessoas. Isto significa que, mesmo nas escolas que já adotam a progressão continuada, alguns aspectos importantes do sistema de ciclos não tiveram condições de ser implantados, como a avaliação contínua e a recuperação paralela.


É por isso que, muitas vezes, se tem a impressão de que a progressão significa simplesmente que o aluno pode passar de ano sem aprender.


Opinião assinada pelo professor Antônio Dias Neme




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