Guerra ideológica ou luta de classes
Por Walmaro Paz
O artigo de Juremir Machado publicado nesta data (22/06/2013) no Correio do Povo sob o título “Guerra ideológica” está na pista correta dos acontecimentos. Porém, a questão colocada é muito mais profunda. Em minha opinião, o que está sendo questionado é a democracia burguesa representativa e seus partidos sem representação nenhuma. É evidente que os discursos patrióticos de parte dos manifestantes nada mais são do que manobras dos movimentos fascistas em busca de uma solução total para o problema. A corrupção, característica inerente ao sistema politico vigente, também questionada não é por si só um problema: o sistema leva a ela.
Esta aliança de partidos que está no poder, construída pelo governo Lula antes de assumir, em sua reunião com Bush logo após a eleição, é o nó da questão. Na ocasião o líder operário, eleito presidente da república, retornou de sua visita ao país do Norte com o presidente do Banco Central nomeado. O condutor da política econômica seria o Meirelles, nada menos do que o mesmo que vinha conduzindo a economia do Brasil no governo anterior.
Em suma, Lula voltava de Washington com a garantia da posse em troca de continuar a política econômica traçada pelo consenso de Washington, (o centro do poder capitalista internacional). A democracia popular, eixo político do partido dos trabalhadores foi trocada pelo conceito de democracia representativa, eixo político do capitalismo internacional no qual o povo passa uma procuração total aos seus “representantes”, eleitos com financiamentos de campanha de empresários inescrupulosos.
Esta estrutura de poder é que, em nome da governabilidade, desgoverna o país. Uma aliança com antagonismos de classe dentro dela é inviável. É impossível governar para “todos os brasileiros”. Não se pode servir a dois senhores. Ou se governa privilegiando os trabalhadores ou aos donos do capital. O que se tem feito é iludir aos mais pobres com políticas sociais compensadoras enquanto a renda fica cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.
Essa situação que engana alguns durante algum tempo, é que leva a contestação e a revolta. Ela é a base de todos os movimentos sociais reunidos agora pela internet e pelas redes sociais, mas é o mesmo movimento que antigamente era feito pelos agitadores e lideranças através de panfletos e mosquitinhos em portas de fábricas ou de escolas. A solução é o retorno a política com o confronto de classes, sem mascaramento, cada partido representando sua classe social e defendendo seus interesses.
No caso brasileiro, a reeleição de Dilma depende de um retorno ao conceito de democracia popular, com a aliança entre os partidos representantes das classes populares abandonada por Lula ao iniciar seu governo.