Ficar quieto ou protestar
Não sabendo que era para ficar quieto, foi lá e protestou.
A frase do dramaturgo francês Jean Cocteau se encaixa a tudo o que vivenciamos no Brasil:
"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."
De tanto engolir desatinos, o brasileiro atendeu o clamor de jovens inconformados que convocaram o povo a manifestar o seu descontentamento diante do descaso com que é tratado.
A tolerância com a qualidade pífia dos serviços públicos diante da majestosa arrecadação dos impostos chegou a um limite insuportável.
O povo sabia que era chegada a hora de ir às ruas. E pôs para fora a insatisfação por toda a arrogância dos governantes, a incompetência administrativa, a corrupção, os conchavos, tudo.
As taxas públicas precisam ser justas, revertidas em serviços dignos, à altura do esforço de quem as paga. Simples assim. Verdade insofismável que só os gestores fazem questão de ignorar.
Mais investimentos na educação, mais segurança nas escolas e a valorização dos professores estavam entre o clamor dos manifestantes de norte a sul.
Pagar mal sem valorizar a quem ensina é empurrar abismo abaixo uma educação doente, amputada e distorcida. Somente a superação da indigência cultural será capaz de fazer com que a educação brasileira assuma seu papel de instrumento essencial de progresso.
Só a educação pode fazer o gigante permanecer acordado.
A autoestima do brasileiro estava tão baixa que sequer tinha voz para cantar o seu hino.
Mas na partida no Castelão, em Fortaleza, no jogo do Brasil com o México, tudo mudou.
Quando o hino foi executado de forma simplificada, o povo, com orgulho, continuou a cantá-lo até o fim.
Os jogadores, perfilados, também.
Uma cena que nos faz crer que o Brasil se levantou e assim permanecerá, de pé – pronto para a luta.
Professor José Maria Cancelliero Presidente do Centro do Professorado Paulista