Deixem a Copa em paz
A república das bananas, exercendo o direito democrático de protestar, comprova que está amadurecendo. As bananas não fazem questão de dar as caras na copa, pois o trajeto é curto, mas o dragão está no caminho e cospe fogo.
Para entender o comportamento deste ser mitológico, um bom exemplo é o custo de construção de uma dúzia de arenas. Os R$ 5 bilhões e 400 milhões inicialmente previstos, sob o bafo do dragão da corrupção, ops, da inflação, ganharam uma pequena porcentagem de algo assim como 30% e somam R$ 7 bilhões e 100 milhões. O dragãozinho se comporta como o transporte público, o negócio é andar em frente, mas tem como desvantagem não ter nascido com opção de ré e quando muito, o ponto morto funciona. O pior é que parece que só gosta de andar ladeira acima. Quando despenca é um deus nos acuda.
Devaneio a parte, o mega empreendimento de bilhões faz jus às escolas com teto solar, escavados por operários cupins, que aparecem aqui e acolá, assim como aos hospitais repletos de criaturas sofredoras que são acolhidas em macas estrategicamente espalhadas por corredores e aos presídios, que por vezes lembram os aposentos situados nos pisos inferiores de castelos medievais. Faz jus também aos salários de professores que correm pelo piso desnivelado, mas que contribuíram na formação da classe mais ladina da república bananeira e, paradoxalmente, das bananas mais críticas, que agora se unem contra a copa, pois a mesa farta passa longe dela.
Por outro lado, em alguns anos, as arenas podem vir a ser uma excelente solução. Meia dúzia podem vir a se transformar em Super-escolas. Um único professor, um bom equipamento de som e 100 mil alunos podem fazer a diferença. E quando esse último remanescente da categoria dos docentes faltar, sempre se pode utilizar o campo para sua finalidade primeira e divertir a galera com um bom jogo de dribles a moda antiga. Para a outra meia dúzia de arenas, é possível buscar na história a inspiração. A distribuição de pão e a alegria do circo pode levar a plateia a assistir a uma hodierna luta romana. Aos vencedores, a liberdade. Nesse caso, melhor deixar a copa em paz.
Portanto, a copa pode ser a solução, mas se massa crítica de bananas continuar se esmerando na produção de eventos pacatos, com música bem orquestrada e democracia bem digerida, será o ”crème de la crème”.