O diferente no currículo
Dar espaço à criatividade e exercitar a convivência enriquece o cotidiano da escola e faz com que ele ganhe mais sentido
Terezinha Azerêdo Rios
Nosso trabalho educativo é constituído de várias dimensões, estreitamente articuladas. Costumamos, porém, considerá-las como elementos separados, sem perceber que, integrados, nos permitem aprimorar a qualidade de ações e relações.
Consideremos, primeiramente, a articulação entre as dimensões técnica e política. Ao ensinar, estamos sempre preocupados com o que e como fazer. Contudo, de nada adianta essa apreensão se não levarmos em conta o motivo das ações, por que as realizamos. Enquanto o que e o como fazer nos remetem à dimensão técnica do trabalho, o porquê nos leva ao território da política e da moral.
Devemos lecionar Língua Portuguesa, Matemática e Arte, entre outras disciplinas, recorrendo a métodos que favoreçam a aprendizagem. É com base no valor atribuído a esses procedimentos e saberes que se organizam os processos educativos. No caso da Educação escolar, definem-se os currículos, estipulam-se objetivos e determinam-se sequências do trabalho. Há justificativas científicas e pedagógicas para essa escolha, mas há também decisões políticas e morais. Portanto é essencial refletir sobre os valores em que se apoiam as propostas, buscando a sua consistência e os seus fundamentos e dando lugar ao diferente e à mudança. É aí que se encontra a dimensão ética.
Revi há pouco o filme Conrack, do diretor norte-americano Martin Ritt, para uma discussão com gestores em Minas Gerais. O enredo se baseia num fato real, ocorrido em 1969, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, e mostra a dificuldade de um jovem professor branco que foi trabalhar na única escola de uma ilha habitada majoritariamente por negros.
Ele apostava na alegria como impulsionadora de conhecimento e transformação, mas teve suas aulas rigidamente controladas pela diretora e por um supervisor. Deixo ao leitor o prazer do desenrolar da história, porém chamo a atenção para as atitudes dos gestores que ali se apresentaram e limitaram a atuação competente do docente - e que podem acontecer em qualquer escola.
Refiro-me a uma concepção de poder e autoridade ligada ao cumprimento estrito das regras, que não deixa espaço para criatividade, estilos diferentes de agir e novas alternativas para a convivência. Nesse caso, a rigidez tomou lugar do rigor - este, sim, necessário no trabalho e parceiro da alegria. Regras devem existir desde que sejam questionadas e alteradas quando se mostram inconsistentes.
No evento realizado em Minas, pediu-se aos educadores que bolassem outro final para o filme, deixando implícita a ideia de que as ações dos seres humanos e as relações entre eles envolvem fatores socioculturais e históricos, alguns dos quais influenciam as escolhas e os caminhos. A atividade levava também à constatação de que a história é dramática, pois implica o exercício da liberdade, da vontade, da criatividade e da convivência.
A aprendizagem que está sendo construída em nossas escolas ganha mais sentido se tivermos clareza disso e nos empenharmos em estimular a aventura de criar espaços para invenções e descobertas gratificantes, que envolvam alunos e professores. Ao percebermos criticamente as articulações nas relações professor/aluno, todos aprendemos, todos ganhamos.
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diferente-curriculo-739286.shtml
Un joven profesor, Pat Conroy (Jon Voight) es asignado en 1969 a una aislada localidad ubicada en la costa de Carolina del Sur, habitada principalmente por familias pobres afroamericanas. Allí se encuentra con que el aislamiento ha causado que tanto los adultos como los niños hablen un dialecto que llaman gullah. Su apellido es pronunciado Conrack. La escuela consiste en dos habitaciones, donde la rectora, la señorita Scott (Madge Sinclair) enseña de primero a cuarto grado. Conrack deberá enseñar los grados superiores, y descubre que sus alumnos tienen muy pocos conocimientos; no saben calcular y no saben nada de geografía. Comienza a enseñarles sobre el mundo exterior, los hace escuchar música clásica, les proyecta películas,les enseña a nadar y a cuidar su higiene dental. Todo esto lo hace entrar en conflicto con la señorita Scott, con el superintendente, el señor Skeffington (Hume Cronyn), y con algunos padres que no desean hacer cambios entre los niños. Finalmente el profesor es despedido de su trabajo por insistir en sus métodos de enseñanza y afirmar que el racismo que los rodea se debe en gran parte a la limitada educación que reciben los niños. En el momento de dejar el lugar, sus alumnos lo despiden tocando la 5ª sinfonía de L.V Beethoven en una grabadora.
Assista a sequencia no Youtube
http://www.youtube.com/watch?v=LIYq49demQ8