Ato de vontade?
Gilvan Rocha
Está presente na cabeça das pessoas letradas e iletradas, que governar é um ato de vontade. É muito comum ouvirmos alguém dizer: “se eu fosse presidente, acabaria com o analfabetismo”, ou então dizer: “O governo precisa dar um ponto final na violência”. Assim se sucedem os inúmeros discursos, manifestando a opinião de que governar é um ato de vontade, um ato de livre querer.
Seguindo esse raciocínio, bastaria querer e o governante poderia eliminar as diversas mazelas sociais. No Estado do Ceará, tivemos um exemplo bastante significativo, quando o sr. Ciro Gomes, eleito então governador do Estado, prometeu fazer uma “Revolução na Educação”. Em consonância com esse propósito, ele buscou realizar um inventário, esclarecendo quantos educadores existiam, naquele momento, na rede de ensino estadual.
Essa tentativa do então governador, mostrou-se completamente inviável, pois contra um possível recenseamento, ergueram-se as corporações, os sindicatos dos professores que, fazendo uso de todos os recursos possíveis, inviabilizaram a pretendida intenção do sr. Ciro em revelar quantos educadores existiam em sala de aula e quantos estariam presos às malhas burocráticas.
O levantamento pretendido seria o passo inicial para a sua “revolução na educação”, entretanto, o governador não teve poder de realizar esse intento. Trata-se apenas de um exemplo, mas sucessivos são os fatos que deixam claro, e bastante claro, que governar é, antes de tudo, um ato de poder e nunca um ato de vontade.
Para reforçar o que se está dizendo, aí estão as inúmeras aberrações que dão sustentação ao nosso argumento. Por conveniências, nem sempre nobres, é que o governo da República nomeia pessoas de comportamento fisiológico para alguns Ministérios e chega a apoiar o fato de um representante da “Moto Serra de Ouro”, promotor de criminosos desmatamentos, como é o caso do senador mato-grossense Blairo Maggi, venha ocupar no Senado a presidência da Comissão do Meio Ambiente.
Esses fatos, junto a outros tantos, desnudam o caráter subalterno dos governos, que se curvam aos interesses dos diversos grupos capitalistas. Essa subalternidade, deixa claro que governo e poder são coisas bastante distintas. O poder é o Estado e governos são apenas governos, que vão e vêm!
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