Capacitação para incapazes
De vez em quando recebemos notificações nas escolas sobre cursos de capacitação para professores. Isso me incomoda um pouco porque parece que somos incompetentes, incapazes.
Levando em conta o diploma que temos, creio que mais incompetentes que nós são as Universidades que nos formam. Sabe-se que o professor deve estar constantemente se atualizando e estudando para acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo, mas curiosamente gostaria de verificar que capacitações fazem os professores das Universidades de Formação de Professores para ensinar seus alunos, futuros professores, a lidar com temas como a inclusão, por exemplo.
Já ouvi algumas vezes professores da área de licenciatura nas faculdades falarem que suas matérias não precisam focar nesses temas porque a isso cabem as tantas “didáticas” e “práticas de ensino” que temos na grade curricular. Acredito que eles estejam equivocados. Aliás, penso que o saber teórico em algumas faculdades de licenciatura deixa a desejar no tocante ao aluno. Principalmente quando se trata dos alunos com Necessidades Especiais (NEs), que fazem parte da Inclusão.
Visto que a lei da Inclusão é um fato e nós, professores, lidamos diariamente com essa realidade, as Universidades deveriam trabalhar firme sobre como atuar com as duas faces da turma: NEs e “ditos normais”, utilizando conteúdos adaptados para que a inclusão seja feita com excelência.
Mas o que ocorre, é que essa realidade nova chega primeiro às séries iniciais e, até que estes alunos cresçam e talvez cheguem ao Ensino Médio e quiçá a uma Universidade, os mestres que ministram suas aulas no Ensino Superior (Formação de Professores) não saberão na prática o que é trabalhar sem conhecimento suficiente e respaldo clínico para atender as exigências de uma legislação muito pertinente e justa, mas cuja infraestrutura ainda está longe de ser ideal. E quando se questiona sobre isso, uma das muitas respostas incoerentes que ouvi, de pessoas que são contratadas para serem CAPACITADORAS, é que: “A mãe, quando recebe um filho especial, tem que aprender a lidar com essa nova situação na prática; assim somos nós, professores: vamos recebê-los e aprender no dia-a-dia a trabalhar com eles.”
Para que capacitações se vamos aprender tudo na prática? Então joguemos fora nossa Formação Docente, que já não tem o seu devido valor, e aplaudamos a continuidade da desinformação, do conformismo e do desinteresse daqueles que deveriam ver como prioridade o saber do aluno, mas que por comodismo perpetuam a reprodução somente do conteúdo, sem chegar a conhecer de fato a prática docente de base, que talvez nunca leve um aluno de Inclusão a uma Universidade.
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