Professor e as balinhas

Professor e as balinhas

Professor e as balinhas

Edith Jaques



Cidadão cachoeirense acha espetacular os Professores concursados do Rio Grande do Sul estarem ganhando balinhas (tablets) e considera como mimo o presente que os Professores estão recebendo do Governador que ajudaram eleger. E segue outras observações, inclusive a de que: se o Governador pagasse o que é devido à classe dos Professores, não precisaria fazer doações, pois o Professor teria condições de comprar o seu tablet.. É bom ler porque são inúmeras as observações e além de tudo, verdadeiras. É bom que outros também se deem conta do caos  em que se encontra a Educação e de toda "faroleira", tentando mascarar essa realidade. É bom estar em alerta... Professores e trabalhadores, todos em perigo!...
     

Professores - que já perderam o Piso salarial;

Trabalhadores - que estão na eminência de perder direitos históricos adquiridos - com a chamada "flexibilização", que só vai ajudar o empregador e prejudicar o empregado. E, justamente, no Governo dos trabalhadores > nível Estadual; nível Federal!...  Observem que o descaso com a Educação tem justificativa, segundo Marilena Chauí:  

"Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são.¹   (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo. Ática. 1994, pág. 38). 


 Mas para nossa salvação, as pessoas estão começando a pensar, pois o cidadão que escreveu e também outros que já se pronunciaram em defesa da Educação, dos Professores, dos alunos e das condições da Escola Pública já chegaram a conclusão de tudo o que acontece.

      
Está certa a tese de que:

"Não elegemos nosso representantes, mas os representantes dos partidos políticos", para governarem e decidirem segundo os seus interesses, ou melhor, os interesses do partido. Depois de eleitos, não importa mais o povo - são quatro anos seguros e sem preocupações, preocupações, só nas próximas eleições!... 

Em tempo: a questão dos tablets não é questão de abominar a tecnologia, mas sim, entender que não bastam os tablets. Tem que ter algo mais que deve ser valorizado em se tratando de Educação, ou seja, os sujeitos da Educação (agentes) que fazem a Educação > Professor X Aluno - que são pessoas e que devem ser valorizados e levados em consideração - muito antes dos objetos, das coisas que servem apenas de instrumento para serem usados e  facilitar o trabalho tornando-o produtivo. Concordo com o que diz  o cidadão: "Se o Professor fosse bem pago, poderia ele mesmo comprar o seu tablet. É claro que a Educação é complexa,eis porque temos que discutir causas, medidas, projetos, situações, sempre centrando em pessoas e não a partir de coisas. O que se pode ver até o momento, foi o mascaramento da realidade e, isso dá para qualquer leigo no assunto perceber. Inverter a ordem pode não passar de falação, engodo. Se o Senhor Governador teve uma ação pontual com  os tablets, porque não teve a mesma ação pontual com a Lei do Piso Nacional do Magistério que acabou descumprindo?  A ação não pontual ao descumprir a lei, dá margens para que outros também descumpram às leis. E daí se explica o não investimento em Educação mas sim em presídios, polícias, cadeias... (leiam Jornal do Povo - 15/04/2013, pág. 2, artigo: "Tablets" e entenderão). 

 Até breve!

 Cachoeira do Sul, 15 de abril de 2013. 

Edith Jaques (Professora)  

 


 


Tablets
Paulo Ricardo Tavares da Silveira

 

A entrega de tablets para os professores é o assunto do momento na educação

 


A entrega de tablets para os professores é o assunto do momento no que se refere à educação. As opiniões vão desde aqueles que abominam a tecnologia, e, portanto, o tablet é apenas mais um aparelho inútil, passando por aqueles que emitem opiniões sem conhecimento de causa usando argumentos preconceituosos e destrutivos, até aqueles que compreendem que a escola não pode ficar à margem da disseminação das tecnologias que acontece na sociedade como um todo.

Muitos professores ainda precisam ser convencidos de que o tablet realmente tem potencialidades de mudar a sua metodologia de trabalho. Como todo objeto, ele não tem um fim em si mesmo. Precisa ser trabalhado dentro de uma metodologia que possibilite transformações.

As potencialidades do giz e do quadro já foram esgotadas enquanto material didático. Temos que vivenciar pedagogicamente uma realidade que se manifesta hoje não só na grafia, mas também através do som e da imagem. Junto a isso temos um aluno chamado “nativo digital” que nasceu a partir dos anos 80 e que começou a compreender o mundo conectado com a internet. Um aluno que faz suas próprias produções e coloca na internet. Um aluno que não quer só ouvir, mas sim produzir.

Esta realidade está forjando uma nova identidade do professor. Em substituição ao professor explicador deve surgir um professor problematizador, que através da pesquisa relacionará de forma criativa o legado das gerações passadas com os problemas que afligem a realidade atual. Querer conectar a distribuição do tablet com a salvação da educação é uma interpretação que cheira a má fé. Querer discutir toda a problemática da educação estadual através de uma ação pontual é desconhecer a complexidade da educação.

A entrega de tablets aos professores não é um ato isolado do Governo Tarso. O Ministério da Educação, através da Portaria nº 522 em 9/4/1997, criou o ProInfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional), com a finalidade de promover o uso da tecnologia como ferramenta de enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio. Para participar do programa o estado precisa providenciar internet banda larga, laboratório do ProInfo e rede sem fio (wi-fi).

Se o governo estadual não tivesse se habilitado para colocar em prática este projeto, certamente os mesmos que criticam, estariam de novo criticando não só a falta do programa, mas também aqueles professores que entendem a necessidade da inserção tecnológica no universo didático-metodológico. Tenho dúvidas se os “eternos do contra” constroem alguma coisa.


paulo.ricardo.tavares@gmail.com

http://www.jornaldopovo.com.br/site/colunistas_interna.php?idColuna=183993





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