Saiam já daí!

Saiam já daí!

Saiam já daí!

Nilton Bertoldo*



Na Roma antiga, o cidadão romano que não fosse membro de poder era chamado de sujeito. Por isso – e socializo este conceito divulgando-o amplamente em todos os estamentos sociais que frequento e formo opinião – cognomino o político corrupto e/ou ficha-suja de sujeito, não o reconhecendo como membro de poder, mesmo que dele faça parte.


A manutenção de mandato aos condenados no mensalão aprofunda a cratera entre a sociedade e o Congresso e justifica o descrédito total nos políticos. O jornalista Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, uma das Organizações Não Governamentais (ONGs) de controle do poder e de combate à corrupção mais importantes do país, afirma que o silêncio do Poder Legislativo, em vez de pressionar pela renúncia de Pedro Henry (PP-MT), Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e ainda empossar José Genoíno (PT-SP), configura uma crise institucional séria envolvendo Câmara e Senado e revela uma constrangedora realidade: “Falta vergonha na cara ao conjunto da instituição”, lamenta Abramo numa entrevista.


O senhor José Genoíno, na época de seu envolvimento no mensalão, conseguiu uma assessoria no Ministério da Defesa e, pasmem! - foi condecorado com a mais alta distinção daquele ministério. Felizmente lá não permaneceu muito tempo. Pergunto: ele devolveu esta condecoração ou dele já foi retirada? Um criminoso condecorado? Outro fato desabonador foi o retorno desse sujeito à Câmara dos Deputados e a sua posse, sintoma de uma bizarra compulsão daqueles que o apoiam em relação ao mensalão. Nessa ocasião ele deu uma entrevista breve e fajuta enquanto brandia na mão direita a Constituição Brasileira dizendo que observava o que ali estava! Isto mostra quão está desacreditado o sistema político brasileiro. Acresça-se a esses disparates, os dois sujeitos que comandam as duas casas legislativas do Congresso Nacional, ambos com denúncias graves na Justiça. Aliás, o presidente anterior da Câmara dos Deputados já havia dito, numa entrevista em dezembro de 2012, que não iria cumprir uma provável decisão do Supremo Tribunal Federal que cassasse mandatos.


Porém, a falta de confiança generalizada não se limita somente ao Congresso Nacional; estende-se também aos partidos políticos que nada fazem para impedir tamanha petulância. A manutenção desses sujeitos no poder, como de dezenas de outros já condenados em segunda instância por crimes diversos, constitui-se, sem dúvidas ou controvérsias, numa afronta ao povo brasileiro. Se esses sujeitos vivessem na época de Napoleão Bonaparte, certamente seriam classificados como ignorantes com iniciativa; esses tipos Napoleão odiava e não os queria em seus exércitos, pois eram capazes de fazer besteiras enormes e depois, dissimuladamente, tentar ocultá-las, acarretando um grande risco para o desenvolvimento ou progresso de qualquer empresa e governo. Esses tipos abomináveis falam e fazem o que não devem, envolvem-se em maracutaias e com quem não devem; depois dizem que não sabiam de nada. Esses ignorantes com iniciativa também produzem sem qualidade porque resolvem alterar processos definidos e consagrados. Lembro Rui Barbosa: “Há tanto burro mandando em homens de inteligência, que às vezes chego a pensar que burrice é uma ciência”. Precisamos tirar esses sujeitos de lá o mais breve possível.


(Publicado em A Razão de 18.03.2013)

* UFSM

 

http://www.sedufsm.org.br/index.php?secao=artigo&artigo_id=409




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