Educação e IDH

Educação e IDH

Educação e IDH

Ascânio João Sadrez


 

Nos últimos dias, temos ouvido e lido muito sobre a pesquisa organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que nos trouxe o Relatório do Desenvolvimento Humano 2013, o IDH, o índice de Desenvolvimento Humano. O Brasil, assim como os demais países do Sul, evoluiu bastante, mas continua em colocação muito diferente daquela que gostaríamos: 85º.

 


Não me cabe entrar nos meandros políticos nem ideológicos que possam nortear essas pesquisas e suas sínteses. Quero apenas dialogar sobre a importância da Educação nestes atuais cenários contemporâneos que obrigam as escolas a se pensarem como es paços tempos de aprimoramento da qualidade do cotidiano de todas as pessoas e mesmo dos coletivos que as compõem.

 


São muitos dados e possíveis considerações, toda via, gostaria de lhes propor uma rápida reflexão sobre a quantidade de professores preparados para lecionar no Ensino Fundamental I (séries iniciais) e sobre o abandono de alunos já nesta fase da escolarização. Infelizmente, os esforços empreendidos pela sociedade brasileira nos últimos 20 anos ainda não se evidenciam nesses dois fundamentais indicadores.

 


Observem: apenas 36,1% dos professores que atuam na fase decisiva da alfabetização foram preparados para o ensino (2005 a 2011). Se apenas um terço dos professores preparou se para o magistério dessas crianças de 6 a 10 anos, a conclusão a que podemos chegar é os nossos resultados são coerentes. Crianças recebi das por um educador mal preparado é uma garantia de insucesso quase automático. Há exceções, certamente, mas estruturalmente andamos em círculos: sem professores qualificados não se faz educação de qualidade. Haverá outras questões implicadas, mas a formação inicial e continuada dos educadores é condição básica para qualquer outro passo a ser pensado.

 


A outra estatística aponta para os estudantes que nem concluem as séries iniciais do Ensino Fundamental (os atuais 1º ao 5º ano). Assustadores 24,3% dos alunos não alcançam o 5º ano, nível mínimo de escolarização. A lei obriga a permanecer na escola, as escolas devem comunicar quando há abandono, os pais podem ser presos, etc, etc, e, mesmo assim, uma quarta parte de nossas crianças já deixa a escola antes de receber o mínimo do mínimo. E complicadíssimo imaginar verdadeiro desenvolvimento humano neste cenário.

 


E aí, o que faremos com esses números?


Servirão para desesperar ou, apenas, para vislumbrar "futuros promissores"?

Há muita gente tentando fazer melhor educação com professores e professoras melhor preparados e com consistente formação em serviço, e sem deixar alunos pelo caminho. No compromisso de garantir os direitos de crianças e adolescentes, muitas escolas e redes de ensino, nas quais incluímos a nossa instituição, têm feito a diferença para estudantes atendidos tanto em es colas pagas quanto em centros de educação voltados para famílias em situação de vulnerabilidade social. Não conseguimos influenciar, diretamente, as macro estatísticas do Brasil, mas na vida desses professores e de seus alunos fazemos uma diferença que vai frutificando ao longo de todas as provas da vida.

 


Os números estão dados: qual a parte que nos cabe? 


 

Ascânio João Sadrez - Pedagogo e diretor do Colégio Marista Arquidiocesano  

 

Artigo publicado em  27/03/2013 no jornal BRASIL ECONÔMICO 

http://www.educacionista.org.br/ 

 




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