A autonomia como meta da educação

A autonomia como meta da educação

A autonomia como meta da educação

Gabriel Chalita

 

A autonomia é uma importante meta da educação. Denominada por Jean Piaget como “um poder que não se adquire senão de dentro e que não se exerce senão no seio da cooperação”, ela é uma conquista, que não acontece no ambiente escolar sem que o aluno tenha efetivamente a oportunidade de participar dela.


Da autonomia, surge a capacidade que qualquer pessoa tem de definir as leis para si mesma. Essa deliberação não toma como ponto de partida simplesmente a subjetividade, os gostos e os caprichos do indivíduo, mas adota como referência o que se poderia desejar para qualquer pessoa.


Na dinâmica escolar, todos devem ter o direito de opinar e de participar dos processos decisórios. É participando que se aprende a participar. Uma escola que mantém o monopólio da verdade, que não aceita a intervenção dos agentes que a integram, desconsiderando diferentes visões de mundo e culturas, e que não se abre para as negociações é um verdadeiro desastre educativo, pois não permite que os alunos desenvolvam habilidades de negociação para tratar seus conflitos pessoais e sociais.


A escola é um lugar que reúne muita gente. Diversos olhares, gostos, talentos, sentimentos, sonhos, necessidades, histórias de vida, contextos. E esse lugar tão especial guarda uma missão igualmente especial: fazer toda essa gente feliz, com princípios de justiça e de equidade social.


A missão pode parecer óbvia, mas não é nada simples, pois cada pessoa tem uma maneira peculiar de ser feliz. Todos desejam ser felizes, mas ninguém alcança a felicidade sozinho. Um depende do outro. Essa é a trama que faz do espaço escolar algo genial e que pode torná-lo fascinante para os aprendizes. Isso se mostra possível, por exemplo, se o ambiente for organizado com a participação dos alunos em atividades artístico-culturais e esportivas; com a presença da família, para o envolvimento dos pais na dinâmica escolar; com a promoção do encontro de gerações, para que haja uma rica troca de experiências, além da valorização e do respeito pelas diferentes etapas da vida; e com a participação protagonista dos estudantes em projetos sociais e de melhoria da escola e da comunidade.


O importante é saber que sempre há uma solução. Nada é definitivo ou permanente, desde que a transformação seja um compromisso assumido por todos. Esse é o grande diferencial da profissão do docente. Seu trabalho não se resume ao conteúdo, como o de quem presta um serviço a um grupo, oferecendo conhecimentos. Na ação pedagógica, o professor estabelece profundas relações de confiança e respeito e se torna responsável pelo destino de seus alunos.


A autonomia faz-se fundamental para a formação de cidadãos conscientes e atuantes. No entanto, é importante que os alunos entendam que ter autonomia não significa fazer o que se quer, como e quando se quer, mas, sim, usar a liberdade com responsabilidade. Já afirmava Paulo Freire que “uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade”. Com acolhimento, cuidado e ética, o educador é agente maior no processo de conquista da autonomia. E a escola apresenta-se como um espaço propício para que isso se dê sem a perda da essência e da razão desse delicado e complexo caminho.

 

Matéria publicada na edição de janeiro de 2013 da revista Profissão Mestre.







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