15/3- Dia da Escola: há o que comemorar?
15 de março – Dia da Escola: há o que comemorar?
Paulla Helena Silva de Carvalho*
Estamos, mais uma vez, atrelando uma data comemorativa a um espaço ou acontecimento social. Isso já faz parte da cultura dos diferentes povos. Porém, cabe lembrar a intencionalidade de uma comemoração. É verdade que, no presente momento, a maioria das datas comemorativas levam ao consumo.
Ou seja, cada vez mais datas são criadas não somente para comemorar mas para comprar, movimentar o mercado.
Comemorar o Dia da Escola, decididamente, não dialoga com esta visão. Se bem que não seria má ideia, ao menos neste dia, que ela recebesse “presentes materiais” — ou seja, todo investimento público que falta no ano aparecesse ao menos neste dia. Mas, ironias à parte, podemos rapidamente analisar que a escola de hoje não pode ser analisada nem de forma generalizada nem tão pouco individualmente, pois esta instituição é social e, portanto, coletiva. Assim sendo, seus avanços e retrocessos não podem ser
Tal exemplo leva-nos a afirmar que o movimento da escola hoje é fragmentado. As políticas e programas colocados para a educação não são pensados e, muito menos, implementados na maioria das escolas. O pior de tudo isso é saber que, embora haja avanços em algumas instituições e regiões, este salto não pode ser visto como reflexo da totalidade brasileira. E grave é saber que a educação é um direito social básico e, por isso, deve alcançar a totalidade da população! Assim, comemoraríamos o Dia da Escola sem qualquer sombra de dúvidas.
Comemoração também nos remete a festejar. Ou seja, comemora-se alegremente e, por esse motivo – e utilizando o título de uma obra de Snyders – pergunto: onde está a “alegria da escola”, para que possamos comemorar? Uma coisa podemos saber: a alegria da escola não está somente em paredes coloridas, cadernos novos, bolas e parquinhos com areia. A alegria da escola está em ensinar! Ou seja, cumprir sua função social: a socialização dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, como forma de formação e elevação cultural das massas. No dia em que tal função seja reconhecida socialmente como importante, para além da informação fragmentada e técnica do aluno ou da redução de seu papel a um mero espaço de convivência, poderemos comemorar muito.
Para que isto ocorra, existe um processo de conquistas muito grande. Entre os pontos mais comentados está a melhoria da condição concreta do trabalho do professor, no que tange desde sua formação com qualidade, até seu salário, o número de alunos por turma. Por isso, não devemos tampar os olhos diante do fato de que verdadeiramente a educação nunca foi prioridade no Brasil, como já afirmava Faoro, embora esteja sempre presente nos discursos dos políticos. Pois, para enfrentar um problema, temos que reconhecê-lo como tal e não só comemorar sem entender sobre quais circunstâncias a festa se dá!
Por isso é que no dia 15 de março dou parabéns aos que compreendem esses elementos que envolvem a educação e a escola brasileira – e mais ainda aos que corroboram em defesa de uma educação de qualidade para todos!
* Paulla Helena Silva do Carvalho, professora e coordenadora do curso de Pedagogia da UniBrasil, é mestre em educação.