Pra que serve a educação?
Pra que serve a educação?
Declev Reynier Dib-Ferreira
Fico me perguntando para que serve a educação escolar.
Independente de qualquer discussão acadêmica, desenvolvida por quem nunca pisou numa escola de ensino fundamental, fico me perguntando para que serve a educação escolar.
Os professores que estamos lá dentro das salas, levando borrachadas e xingadas, nunca somos perguntados, não é?
Mas para que a sociedade atual entende que serve a educação?
Essa pergunta é fundamental e extremamente necessária para o trabalho docente, pois dependendo de sua resposta, tem-se o trabalho subsequente.
Sei que não é tão simples como descrevo abaixo, mas o faço como uma forma de exercitar o pensamento.
Se acharmos, por exemplo, que o que baliza uma boa educação são os resultados dos exames secos, impessoais e tendenciosos traduzidos em provas de Matemática e Português que, por sua vez, são traduzidos em números dos diversos índices que aparecem por aí, uma boa escola é aquela que consegue formar “provistas”.
Se acharmos, por outro lado, que a escola serve para tirar as crianças da rua, que basta ela ir ao prédio físico, a escola torna-se mais um clube (ou creche de adolescentes) do que local de aprendizagem.
As escolas pra pobre são do segundo tipo e as crianças que lá estão têm consciência disso, fazendo da escola um clube. Não precisa estudar e elas não estudam. Nem para serem provistas. Simples.
Mas agora querem – as secretarias preocupadas com números – que elas sejam também do primeiro tipo. Querem que se tornem, portanto, uma mescla das duas proposições, algo impossível de concretizar.
Como é impossível de concretizar, os professores vivem nessa impossibilidade, sem conseguir nem uma coisa nem outra.
O resultado é a frustração que vimos vendo e experimentando.
Mas pode ser pior.
Para mim – e acredito que para grande parte dos professores – a educação (escola) não serve nem para formar provistas nem como clube ou creche de adolescentes.
Muito menos para uma mescla impossível das duas.
Serve para formar um cidadão.
Serve para fazer as crianças e adolescentes aprenderem a ler o mundo, num sentido amplo, de leitura e escrita, de conhecimento e entendimento das coisas, de pensamento, de lógica e filosoficamente estarem no mundo e o transformarem – se assim o quiserem – em um mundo melhor.
Para isso, deve-se entender os fenômenos de uma maneira complexa, ampla, transdisciplinar.
E isso pode ser divertido, pode ser com arte, música, esporte… mas também com experiências, estudos, concentração, dedicação.
Sei que é utópico, mas sempre o fui.
E sei também que esta escola, com tempos determinados e rígidos, com três turnos, apenas com cadeiras viradas à frente de um quadro e tratando o professor como um trabalhador horista, sem nenhum reconhecimento, nunca dará conta desta missão que lhe atribuímos.
É por isso que de vez em quando escrevo por aqui como eu gostaria que ela fosse.
É por isso que de vez em quando escrevo por aqui sobre minhas angústias e frustrações.
Disse que desistiria de dar aulas, mas seja como for, nunca desistirei da educação.
Abaixo deixo um vídeo interessante sobre o assunto.
http://www.youtube.com/watch?v=3JZzSed3loM&feature=player_embedded
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Educador