Alternância entre professores e demais educadores

Alternância entre professores e demais educadores

 

Sugestão: alternância entre professores e demais

educadores na escola

Regina Milone






Em que um rodízio dos profissionais das escolas poderia contribuir para melhorar a educação?

Como cada grupo vê o aluno e a escola?


Uma das coisas que sempre tive vontade de fazer nas escolas em que trabalhei foi uma espécie de rodízio entre profissionais, por pelo menos um mês, em que professores de pré-escolar , do ciclo de alfabetização, das séries do antigo “primário” – até o 5º ano de escolaridade –, do antigo “ginásio” (6º ao 9º ano, atualmente) e do antigo 2º grau (Ensino Médio), além dos funcionários de apoio, administrativos (secretaria da escola), pedagogos, supervisores e direção trocariam de lugar e, alternadamente, sentiriam na pele o que é cada função dentro da escola e o quanto cada uma tem imensas dificuldades para “funcionar” decentemente nas sub-condições em que a escola pública se encontra, há muitos anos, em nosso país.


Vocês podem se perguntar: mas por que faríamos isso?


Não seria prejudicial aos alunos, já que eu não tenho “formação” para cumprir outra função diferente da minha?Respondo que seria tremendamente enriquecedor para todos e uma excelente experiência também para os alunos.Acho que talvez fosse a única forma de abrir a mente dos que só reclamam do que vêem do seu ponto de vista, esquecendo-se de que essa NUNCA é toda a verdade, já que outros pontos de vista existem, vindos de diferentes olhares e práticas dos vários profissionais das escolas.

 

Por exemplo: os professores de 5º ao 9º ano de escolaridade e os de Ensino Médio aprenderiam muito (se estivessem abertos para isso, claro, senão não adiantaria nada) trabalhando como professores de crianças pequenas durante um tempo, assim como na pele dos pedagogos e da direção, geralmente tão criticados por eles.  


E assim seria para cada profissional que esquece que o seu ângulo de visão é justamente e apenas isso: um dos ângulos por onde se pode enxergar e refletir sobre a realidade da educação.

 

O fato desses profissionais não trocarem ideias e experiências, não terem tempo ou vontade para fazer isso, origina-se e resulta na mesma forma falsa com que se divide o conhecimento em “disciplinas” (matérias) “x”, ‘y” ou ‘z”, como se não houvesse relação entre elas ou raízes comuns: uma forma “torta”, que fragmenta saberes– que ficam parecendo totalmente sem sentido para os alunos, com razão! – e que, no entanto, são interdependentes na vida.


Só por sermos todos frutos desse tipo de “ensino” conservador, chato e artificialmente separado (desintegrado) é que achamos que as funções dentro das escolas não devem se “misturar”. Mas elas funcionam juntas na escola e na vida! Uma depende da outra. Chegar à escola, cumprir com o mínimo de suas “obrigações” e ir embora só ajuda a manter esse quadro artificial e falido. Só desestimula mais ainda os alunos e os próprios profissionais da educação.


Sonho com o dia em que esse rodízio será feito, assim como sonho com o dia em que todos os profissionais de educação se respeitem e saibam um pouco mais o quanto também é difícil “funcionar bem” dentro dessa (des)estrutura existente para cada um deles. Não é difícil só para os professores e nem só para os alunos. É difícil para todos!

 

Deixar a vaidade de lado e perceber que a instituição escola é muito mais do que apenas uma relação professor-aluno poderia trazer inúmeros “insights”, amadurecimento, união e, aí sim, poderíamos dar alguns passos juntos ao invés de tantos continuarem repetindo eternamente as mesmas velhas palavras de ordem enquanto que outros ficam em suas “abas”, pois nem refletir refletem (deixam que aqueles que parecem mais “politizados” façam aquilo por eles)!


Esse rodízio só deixaria de ser necessário, a meu ver, no dia em que as formações de professores, pedagogos, etc., fossem mais completas, incluindo esse aprendizado sobre como é a realidade de cada um que trabalha direta ou indiretamente com/nas escolas O resto é apenas repetição, repetição, repetição… 


Abraços,Regina Milone,
Pedagoga, Arteterapeuta e Psicóloga.
Rio, 04 de março de 2013

 


 

 

 

 




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