Bullying na telinha
Angela Maieski
Domingo, 03 de fevereiro de 2013, ligo a TV para assistir o Fantástico. As vídeos cassetadas do Faustão aparecem na tela, gerando boas risadas, afinal são situações hilárias se bem que para algumas das vítimas são indubitavelmente, dolorosas. Elas, certamente, não se importam de expor sua dor física perante milhões de telespectadores, pois, pode-se presumir que autorizam o uso da sua imagem, por mais ridícula ou doída que a experiência tenha sido.
Essas imagens, portanto, não podem ser questionadas do ponto de vista legall, mas os comentários que antecedem cada apresentação podem ser analisados sob outro aspecto. Uma delas chamava a atenção para o “elefantinho que quase se enforcou no parque de diversões” e logo a seguir surge na tela a imagem de um garoto, com considerável sobrepeso, que escorrega no acento de uma montanha russa, até ficar o cinto de segurança encostado no pescoço, pedindo para parar.
O vídeo não é novo, foi produzido na Austrália em 2008, pelo que foi possível averiguar na “net”, assim como a forma pejorativa pela qual o apresentador se refere ao garoto também não é. Em várias ocasiões escutei a mesma palavra em referência a pessoas obesas que ganharam seus minutos de fama estrelando tombos dos mais variados, no quadro final do programa. Imagino que essas referências ocorram apenas nas vídeo-cassetadas e que não aconteçam nos demais quadros que compõem do Domingão.
As escolas enfrentam um aumento de casos de violência, ano a ano e apelidos pejorativos são, talvez a ação mais frequente entre os eventos considerados bullying. São humilhantes, causam sofrimento e diminuem a autoestima da vítima. Não seria o caso de adotar uma postura contra o bullying, na prática? Anunciar o “quase enforcamento do elefantinho” é um exemplo negativo. Não seria o caso do apresentador se abster de utilizar esses termos para se referir a pessoas obesas?
É bullying ou não? O patrão pode usar o termo para se referir ao empregado que apresenta sobrepeso? O professor pode se referir ao aluno obeso utilizando a palavra? Exemplos são mais eficazes do que discursos. Bullying não é brincadeira, parafraseando minha amiga virtual Valéria Rezende.