Guia novo ensino médio

Guia novo ensino médio

Um guia para entender o ensino médio

Como fica com a nova lei e quando as mudanças da Medida Provisória 746 entram em vigor nas escolas

FLÁVIA YURI OSHIMA       20/02/2017

O presidente Michel Temer sancionou a Medida Provisória (MP) nº 746 de reforma do ensino médio. Flexibilização de currículo e aumento da carga horária são a base da reforma. Acompanhe abaixo as principais mudanças previstas pela MP, o que falta definir, os prazos estimados para as mudanças, os números e o resultados atuais do ensino médio no Brasil.

O segundo turno das eleições em São Paulo é esperado. A dúvida paira sobre quem o disputará. Seja quem for, precisará esclarecer seus objetivos para a educação (Foto: Thinkstock)

O que prevê a Medida Provisória?
A mudança no ensino médio tem três pilares centrais: a flexibilização do que o estudante vai estudar, o aumento de oferta de ensino técnico e o aumento do número de escolas de período integral.

O que é essa flexibilização de disciplinas?
Significa que o estudante poderá escolher em qual área ele quer se aprofundar. Cada uma das áreas é chamada de itinerário de aprendizado. Os itinerários são agrupados em cinco grandes conjuntos: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. Dentro de cada um deles haverá cinco disciplinas. Cada escola ou rede de ensino decidirá que outras disciplinas vão compor esse itinerário. As únicas obrigatórias em todos eles serão língua portuguesa, inglês e matemática. O aluno escolherá o que vai estudar no final do 1º ano do ensino médio.

Quais serão as disciplinas abordadas em cada uma delas?
A Medida Provisória não inclui nem retira nenhuma área de estudo da grade do ensino médio. Ela determina que a decisão sobre o que deve ser estudado fica ao encargo da Base Nacional Comum Curricular. Esse ponto é muito importante. A definição sobre áreas de estudo e disciplinas é algo complexo que precisa ser estudado e debatido com educadores de diferentes áreas antes de ser feita. É justamente isso que está sendo feito com a Base Nacional Comum há muito tempo. As definições prévias da Base já foram para a consulta pública por três vezes.

O que é a Base Nacional Comum?
A Base Nacional Comum Curricular é um conjunto de orientações sobre o que cada criança tem o direito de aprender de acordo com a fase escolar em que esteja, independentemente de estudar em rede pública ou privada, em qualquer local do país. A Base definirá cerca de 60% do que deve ser ensinado em cada ano. A forma de fazê-lo fica a critério da escola, de acordo com metodologia que cada uma adote. Os outros 40% do conteúdo que comporá o currículo também ficarão a critério de cada rede de ensino ou instituição definir. Esse percentual livre é importante para que as redes possam dar conteúdos relacionados à cultura local e para reforçar os assuntos que cada escola quer focar.

Como a flexibilização e a Base Nacional Comum funcionarão na prática no ensino médio?
A Base Nacional Comum para o ensino médio ainda não está pronta. Então, não é possível dizer quais serão os temas estudados. É possível, no entanto, dar exemplos de áreas a serem exploradas de acordo com o caminho que o aluno escolher. Um exemplo: o aluno chega ao final do 1º ano, no qual teve as mesmas disciplinas que todos os seus colegas, e opta pelo itinerário de linguagem. A partir de então, no 2º e no 3º ano do ensino médio, ele terá aulas de língua portuguesa, língua inglesa, matemática (essas três compõem a grade obrigatória), literatura brasileira, história do Brasil, história geral, geopolítica e espanhol. O exemplo é hipotético, pois cada escola (ou rede) terá liberdade de apontar quais serão as cinco disciplinas que vão compor cada itinerário – de acordo com as opções definidas pela Base Nacional Comum Curricular.

E se o aluno se arrepender da opção que fez?
Ele pode alterar essa opção no fim do ano letivo. Nesse caso, cursará quatro anos, em vez de três anos. O aluno pode também cursar mais de uma trajetória, por exemplo: linguagens e ciências da natureza. Nesse caso, precisará adicionar um ano a mais de estudo no fim da primeira trajetória.

Todas as escolas oferecerão todas as opções?
Provavelmente, não. A ideia, porém, é que cada região de uma grande cidade tenha escolas que, juntas, ofertem todos os itinerários. Assim, o jovem pode se matricular na escola que tenha a opção que ele queira. O texto da Medida Provisória também abre a possibilidade de algumas disciplinas poderem ser feitas no modelo de ensino à distância. Isso possibilitará que alunos de municípios distantes possam usufruir de aulas que as escolas de suas cidades não oferecem.  Educadores temem que esse modelo de educação comprometa a qualidade.

As escolas comuns passarão a ter ensino técnico?
Não é possível agregar ensino técnico em todas as escolas. Boa parte dos cursos depende de infraestrutura de laboratório e oficina. A Secretaria de Educação de cada local fará o planejamento sobre quando vale a pena investir em adequar as instalações da escola e quando vale a pena fazer convênios com instituições já preparadas para o ensino técnico.

Como ficará a carga horária?
Haverá aumento da carga horária de quatro horas diárias para cinco horas. Os estados têm cinco anos para fazer essa mudança. E haverá aumento do número de escolas integrais, com turno de sete horas de aula. Hoje, 6% dos alunos do ensino médio estudam em tempo integral. A meta é ter 25% dos estudantes com essa carga horária até 2024.

Quando esse modelo entrará em vigor?
As redes de ensino terão dois anos para se adaptar depois da definição da Base Nacional Comum Curricular. Como essa definição deverá ser finalizada e aprovada (para o ensino médio) no ano que vem, as mudanças só deverão ser postas em prática em 2020.

Como fica o Enem?
O Exame Nacional do Ensino Médio mudará. Ainda não foi definido o novo modelo. Mas ele tem, necessariamente, de acompanhar as mudanças do ensino médio. O governo diz que abrirá um espaço no site do Ministério da Educação – MEC para receber sugestões de mudanças sobre o Enem. 

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Como está o ensino médio hoje (Foto: infografia ÉPOCA)

 

http://epoca.globo.com/educacao/noticia/2017/02/um-guia-para-entender-o-ensino-medio.html




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