Fechamento de escolas

Fechamento de escolas

Fechamento de escolas do meio rural preocupa comunidades no Rio Grande do Sul

Moradores do campo se sentem prejudicados pela aglutinação de turmas, justificada pela queda da demanda

Fechamento de escolas do meio rural preocupa comunidades no Rio Grande do Sul | Foto: Guilherme Testa / CP Memória

Fechamento de escolas do meio rural preocupa comunidades no Rio Grande do Sul
| Foto: Guilherme Testa / CP Memória

  • Correio do Povo

A reorganização de turmas nas escolas estaduais para o ano letivo de 2017, proposta pela Secretaria da Educação, terá impacto no funcionamento de estabelecimentos de ensino do meio rural. Depois de receber reclamações de associados indicando que houve fechamento de escolas sem que as comunidades rurais tenham sido ouvidas, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) pediu informações ao secretário Luís Antônio Alcoba de Freitas, em contatos feitos nos últimos dias. “Há grandes prejuízos para as famílias do meio rural na medida em que suas escolas deixam de existir. A escola mantém viva uma comunidade”, diz a diretora da Fetag para assuntos da Juventude Rural e Educação do Campo, Diana Hanh Justo. 

Segundo a Fetag, há relatos de desativação de escolas rurais em diversos municípios, entre os quais Vale do Sol, Bento Gonçalves e Boqueirão do Leão. O fechamento também estaria ocorrendo alheio ao conhecimento do Comitê Estadual de Educação do Campo, que tem a atribuição de monitorar esses casos. “Provavelmente o governo só nos comunicará quando não houver mais o que fazer”, critica o coordenador do Comitê, Wagner Rogério Bohn. “A experiência nos mostra que quando se fecha uma escola do campo, a comunidade em pouco tempo se termina. O governo tem se interessado muito com o lado econômico e pouco com o social.”

No momento em que se desloca um aluno para o meio urbano, Diana entende que ele começa a perder o vínculo com os temas do campo. “Muitas vezes, esse estudante tem que enfrentar longos trajetos de transporte para chegar à escola e as famílias passam a repensar se vale a pena ficar no Interior. As distâncias também afetam a sucessão rural”, afirma. O vice-presidente da Fetag, Nestor Bonfanti, cita outra preocupação: “Levar esses alunos para o ambiente urbano é também afastar os pais da participação ativa nas escolas”.

Em Vale do Sol, a Escola Estadual Padre Theodor Amstad, localizada em Pinhal Trombudo, está em processo de fechamento. A diretora Célia Conrad conta que, no final de dezembro, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) se reuniu com os pais para comunicar a desativação. A comunidade reagiu e enviará um abaixo-assinado pedindo à Secretaria da Educação que mantenha a escola. “O nosso currículo está adaptado à nossa realidade. Os assuntos que influenciam a comunidade, como a necessidade de diversificação agrícola, são trabalhados sempre”, relata Célia.

O coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, esclarece que o fechamento da escola em Vale do Sol tem a ver com a queda no número de matrículas nos últimos anos. “A previsão é que essa escola teria apenas 21 alunos em 2017”, informa. Se a desativação for concretizada, os alunos passarão à escola do Centro da cidade, a quatro quilômetros de Pinhal Trombudo. “Mas estamos abertos para dialogar com a comunidade”, avisa Moura, ao reforçar que a desativação não é uma imposição e que amanhã haverá outra reunião com os pais.

A Secretaria da Educação, que já anunciou a aglutinação de mais de 600 turmas no Estado, sustenta, em nota, que o fechamento de escolas do campo está condicionado aos locais onde “não existe demanda que justifique a manutenção de um estabelecimento de ensino”. Cita ainda que as atividades da escola só serão encerradas se houver “outro local próximo para abrigar os estudantes, com transporte escolar adequado e a concordância da comunidade”.

 

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